Em uma nova queda de braço com o governo do presidente Michel Temer (PMDB), o presidente Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou nesta terça-feira que não irá colocar em votação mais nenhuma medida provisória enviada pelo Palácio do Planalto.
Maia fez a declaração ao encerrar uma sessão sem conseguir votar a MP 784, que trata da leniência do Banco Central. Segundo o democrata, a matéria não voltará à pauta da Câmara até que seja votada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que regulamenta a tramitação desse tipo de proposta na Casa.
Líderes do governo pediram para que Rodrigo Maia encerrasse a ordem do dia para que o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MF) sobre nova denúncia contra Temer pudesse ser lido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O governo tem pressa para que a tramitação da acusação da PGR seja concluída na Câmara e, pelas regras do regimento interno, uma comissão não pode deliberar se a sessão do plenário está em curso.
Ao anunciar que não colocaria mais a MP em votação no plenário, Maia enviou um recado e declarou que o Planalto tinha que ter “prioridades”. A partir de agora, diz o deputado, o governo deve encaminhar à Casa as matérias como projetos de lei, e não medidas provisórias, que possuem uma tramitação especial e trancam a pauta do plenário.
O Planalto tem demonstrado preocupação com a postura de Rodrigo Maia, sucessor natural de Temer caso o presidente seja afastado. Às vésperas da votação da denúncia pelos crimes de organização criminosa e obstrução à Justiça na Câmara, Maia tem se mantido distante do governo, participou de jantares com oposicionistas e fez críticas públicas ao PMDB, que, para ele, tentou enfraquecer o crescimento do DEM ao atrair parlamentares do PSB que migrariam ao partido.
(com Estadão Conteúdo)