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Doenças de Maluf não convencem, diz autor de denúncia

Promotor de Justiça, Silvio Marques criticou tentativas da defesa do parlamentar em tentar fazer com que ele cumpra pena em regime domiciliar

Por Ricardo Chapola
Atualizado em 11 jan 2018, 19h00 - Publicado em 11 jan 2018, 11h57

Um dos autores da denúncia que levou o deputado federal Paulo Maluf para a cadeia, o promotor de Justiça Silvio Marques disse nesta quinta-feira (11) que o parlamentar “não convence” ao alegar sofrer sérios problemas cardíacos.

O promotor fez referência ao dia da prisão de Maluf: o deputado andava com dificuldades e com a ajuda de uma muleta. “Aquela história de sair de muleta, as doenças dele não convencem. Até dias antes, ele estava trabalhando”, disse Marques. “Todo preso faz o que Maluf está fazendo, de alegar problemas de saúde para poder cumprir a pena em regime domiciliar”.

Maluf foi condenado a sete anos, nove meses e dez dias de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio, por crimes de lavagem de dinheiro na época em que foi prefeito de São Paulo (entre 1993 e 1996). O deputado só foi preso, no entanto, em dezembro do ano passado, por determinação do ministro do STF, Edson Fachin. Maluf está na Papuda, em Brasília.

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Desde então, a defesa do parlamentar tem tentado fazer com que Maluf cumpra a pena em casa, sob argumento de que o deputado é idoso (86 anos) e tem a saúde frágil. Nas petições, os advogados alegam que o deputado sofre de um câncer e de “graves problemas cardíacos“. Em um dos pedidos, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, mencionou a morte de dois presos na Papuda por problemas no coração. A Justiça, no entanto, manteve o parlamentar preso.

“A Lei de Execução Penal prevê que o preso pode ser escoltado até um hospital para tratamento e depois ser levado de volta para a cadeia”, disse o promotor, para quem Maluf sempre foi símbolo de impunidade dentro e fora do País e uma eventual soltura do político seria “vergonhosa”.

Humanidade

Em resposta ao promotor, Kakay disse ter uma visão humanista que permite a ele desprezar a opinião de Marques. “Não sei se o tal promotor é médico. Eu não sou. E nada entendo de medicina. Todas as minhas petições são com base em laudos médicos e opiniões de profissionais da saúde. Mas julgo ter uma formação humanista que me permite desprezar a opinião deste promotor, que não honra a promotoria”, escreveu.

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O advogado diz que a defesa de Maluf faz o mínimo, que é o de apresentar laudos e questionar os órgãos sobre manter um “senhor de 86 anos, com 3 doenças graves em um sistema penitenciário falido”. “A defesa não se dá o direito de brincar com a vida. E não se permite abrir discussão com um promotor que, pelo que parece, tem mais interesse em ‘ganhar uma causa’ ou ‘exibir um troféu’, fazendo da prisão uma medalha olímpica”, disse Kakay.

A defesa escreveu ainda que o MP deveria estar mais preocupado em discutir “em dar dignidade ao cruel e desumano estado dos presídios brasileiros”.

Kakay mandou para a reportagem uma publicação que o papa Francisco fez no Twitter. A mensagem do papa era: “Quem não sofre com o irmão sofredor, mesmo se diferente dele por religião, língua ou cultura, deve interrogar-se sobre a própria humanidade”. Em seguida, o advogado escreveu: “Parece que o Papa Francisco respondeu melhor para o Promotor do que a defesa”.

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A assessoria do parlamentar também se manifestou, dizendo que a declaração é desrespeitosa. “O referido promotor deveria esperar o pronunciamento da justiça a respeito desse assunto em vez de comportar-se de maneira infame, ofendendo um homem de 86 anos de idade que apenas procura seus direitos na justiça.”

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