Manifestantes foram às ruas neste sábado, 3, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em várias cidades do país. Os protestos foram marcados após a revelação das denúncias envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin e acontece na mesma semana em que o “superpedido” de impeachment do presidente foi protocolado na Câmara dos Deputados. Segundo os organizadores, 800 mil pessoas compareceram aos atos em todo o país.
Os manifestantes pedem o impeachment de Bolsonaro, protestam contra a maneira como o governo federal vem conduzindo o combate à pandemia de Covid-19 e pedem mais vacinas para a população.
Ao todo, até a noite de sexta-feira, estavam previstos 361 atos, espalhados por 315 municípios do país. Além disso, outros 15 países na Europa e nas Américas também programaram manifestações, segundo os organizadores. Já há registros de atos em Dublin, na Irlanda; Londres, no Reino Unido; Viena, na Áustria; e Berlim, na Alemanha.
No Rio de Janeiro, os manifestantes começaram a concentração pela manhã, em frente ao monumento Zumbi dos Palmares, e caminharam pela avenida Presidente Vargas até a Candelária, no centro.
Em São Paulo, foram registradas manifestações no interior. O protesto na capital teve início às 15h, com concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista.
O movimento seguiu pacífico na maior parte do dia, mas acabou com quebra quebra na Rua da Consolação. Uma agência bancária e um prédio do Mackenzie foram vandalizados, pontos de ônibus depredados e alguns focos de incêndio foram contidos. Segundo a Polícia Militar, um agente do metrô e um policial ficaram feridos em conflito com manifestantes.
Em Brasília, a manifestação estava marcada para as 16h, no Museu da República. Por volta das 17h30, os manifestantes seguiram em direção ao Congresso Nacional, localizado a dois quilômetros.
Atos também aconteceram nas capitais Belém (PA), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Porto Velho (RO), Recife (PE), São Luís (MA), Teresina (PI), além de outras cidades nos estados.
Em João Pessoa, a população está indo às ruas com as fotos das vítimas da pandemia. Causa uma imagem muito forte#3JForaBolsonaroGenocida#3JPovoNasRuas #3JForaBolsonaro pic.twitter.com/KQw2f4ki6b
— Observatório Internacional (@observint) July 3, 2021
Concentração do ato #ForaBolsonaro em Porto Velho – Rondônia nesta manhã de sábado!#3JForaBolsonaro #CoberturaColaborativa pic.twitter.com/QIlNj3AjnB
— R.I.A (@RedeInfoA) July 3, 2021
Inicialmente marcados para o próximo dia 24, os atos foram antecipados após a revelação de denúncias ligadas à compra da vacina indiana Coxavin e ocorrem exatas duas semanas depois das últimas grandes manifestações contra o presidente, em 19 de junho.
Na ocasião, como repetido neste sábado, manifestantes também reivindicaram auxílio emergencial de 600 reais e se posicionam contra as privatizações e a redução dos direitos trabalhistas.
Denúncias de corrupção
Este é o terceiro ato a tomar as ruas do país contra o presidente desde o fim de maio e foi marcado no começo da semana, após a repercussão dos depoimentos do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, à CPI da Pandemia.
Na sessão do dia 25 de junho, o deputado afirmou que levou as suspeitas de irregularidades na negociação da compra da vacina Covaxin a Bolsonaro e que o presidente citou o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), como responsável pelo esquema.
Nesta quinta-feira, a CPI começou a investigar outra suposta irregularidade na negociação de vacinas. A comissão tomou o depoimento do policial militar e representante comercial Luiz Dominguetti. Ele afirmou que representava a empresa Davati Medical Suply e recebeu pedido de propina de Roberto Dias, diretor de logística do Ministério da Saúde, ao negociar doses da vacina da AstraZeneca. Dias foi exonerado após Dominguetti implicá-lo em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.