O ministro Marco Aurélio Mello, segundo integrante mais antigo do Supremo Tribunal Federal (STF), admitiu nesta quarta-feira, em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, desentendimento com o ministro Gilmar Mendes, com quem mantém frequentes embates em questões jurídicas na Corte. Segundo Mello, a “inimizade capital” entre os dois é tão grande que, “caso estivessem no século XVIII”, só poderia acabar “em duelo”. Mello fez questão ainda de adicionar detalhes sobre como seria o eventual confronto com Gilmar Mendes: “Eu escolheria uma arma de fogo, não uma arma branca”.
Não é de hoje que o desafeto está posto. No fim do mês passado, Mello chamou atenção ao ser questionado sobre o pedido de suspeição de Mendes, no processo em que este concedeu liberdade ao empresário Jacob Barata Filho. Abordado na entrada de uma sessão do STF, Mello respondeu que se recusaria a falar sobre “esse rapaz”, em referência a Gilmar.
À rádio gaúcha, o ministro comentou, também, o comportamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por este ainda não ter oferecido uma esperada segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). Na avaliação de Marco Aurélio Mello, em um momento de descrédito da delação dos executivos da JBS, uma nova acusação poderia parecer “mais fantasiosa para a sociedade”.
Mello preferiu não opinar sobre a declaração mais recente do colega, que chamou o procurador-geral da República de “delinquente”, por causa de sua atuação no caso da colaboração premiada do grupo liderado pelo empresário Joesley Batista. “Eu não me pronuncio, não sou censor do ministro Gilmar Mendes”, concluiu.