Depois de demitir o ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, na manhã desta segunda-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista à rádio Jovem Pan no início da noite que faltou “expertise” em gestão ao professor colombiano e que por isso o governo não poderia continuar “sangrando” a pasta. Vélez Rodríguez foi substituído pelo economista Abraham Weintraub no ministério.
“Basicamente, [foi] a questão da gestão. Lamentavelmente, o ministro não tinha essa expertise com ele e aí foi acumulando uma série de problemas, lamentavelmente chegou na situação de termos que substituir o nosso querido Vélez. É uma pessoa simpática, amável, é competente, mas a questão da gestão deixou a desejar e a gente não pode continuar sangrando com um ministério que é importantíssimo”, disse Bolsonaro. O presidente ainda citou o que entende por “aparelhamento” nas instituições ligadas ao MEC.
Sobre Weintraub, que era o secretário-executivo da Casa Civil, Jair Bolsonaro afirmou que “é uma pessoa que é do ramo, é professor universitário, sabe gerir as questões, sabe conversar. É mais uma pessoa da minha linha, é uma pessoa que está gabaritada junto com as pessoas do primeiro escalão”.
Segundo o presidente, o novo ministro terá autonomia para indicar sua equipe. A breve gestão de Vélez Rodríguez foi minada por uma série de medidas desastradas e a inabilidade do ministro em lidar com a briga por espaços de influência entre militares e “olavistas”, como são chamados os seguidores do filósofo Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo que o indicou ao cargo. Weintraub já deu declarações em que elogia o ideário de Olavo e nas quais ataca o “marxismo cultural”.
Graduado em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Weintraub é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Diferentemente do que foi dito por Bolsonaro no Twitter, o novo ministro da Educação não informa em seu currículo oficial possuir doutorado. Posteriormente, o presidente corrigiu a informação.
Abraham e seu irmão, o advogado Arthur Weintraub, foram alguns dos primeiros acadêmicos a abraçar os planos presidenciais de Jair Bolsonaro. A aproximação ocorreu em 2017, quando Bolsonaro ainda não tinha sequer migrado do PSC para o PSL. Na época, foram os responsáveis por um texto em que o então pré-candidato defendia a independência do Banco Central.
Previdência
Criticado pela falta de articulação política de seu governo no momento em que a reforma da Previdência tramita no Congresso, Jair Bolsonaro declarou na entrevista que só não se empenha mais em negociar com os parlamentares porque isso poderia ser interpretado como uma “interferência” no Legislativo. Ele contou, no entanto, que tem recebido deputados e senadores para dialogar e ressaltou, como de praxe, que não discute nomeações a cargos no governo.
“Se eu me engajar mais vão dizer que estou interferindo no Legislativo, nós somos três Poderes independentes. Esse é o recado que dou pro Legislativo. Fui parlamentar por 28 anos, sei o que acontece lá dentro e eles, com liberdade, tem que aproveitar essa liberdade e fazer a melhor proposta. Pegar essa nossa, fazer as devidas correções, dar um polimento e fazer a melhor reforma possível”, afirmou.
O presidente também comentou a audiência em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Durante a sessão no colegiado, o PSL, único partido que integra formalmente a base aliada do governo, não evitou que Guedes fosse questionado seguidamente por diversos deputados de oposição. A participação do ministro na CCJ da Câmara acabou após um bate-boca com o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que o chamou de “tchutchuca”.
“A bancada do PSL é bastante nova, 98% são novos ali. Faltou por parte do líder levar o pessoal pra lá, e falta a eles ainda, pela sua inexperiência política, argumentos para bem debater. Se bem que essa questão da Previdência está bem clara”, explicou Bolsonaro.
“Eu vejo como positivo o que aconteceu, apesar do massacre em cima do Paulo Guedes, mostrou a todos que esse pessoal de PT e PSOL não quer resolver nada, quer bagunçar o coreto, a ponto de você ofender o ministro, chamar ele de ‘tchutchuca’, a gente sabe o que representa isso aí. Virou rinha de galo no final, mas o ministro saiu-se muito bem”, completou.