Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Meia-volta, volver: o ano em que Bolsonaro recolheu as armas

Em 2020, o presidente foi deixando de lado o papel de extremista de direita e de radical ideológico para se portar como um governante mais moderado

Por Daniel Pereira Atualizado em 4 jun 2024, 13h36 - Publicado em 24 dez 2020, 06h00

Foi o ano da conversão, da mudança de figurino, da substituição do político de retórica beligerante pelo presidente construtor de pontes. Em 2020, Jair Bolsonaro foi deixando de lado gradativamente o papel de extremista de direita e de radical ideológico para se portar como um governante mais moderado, daqueles afeitos a acordos políticos fechados ao sabor das conveniências e, principalmente, das necessidades. Depois de participar de uma manifestação que pedia o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e de ameaçar o próprio STF com uma intervenção militar, Bolsonaro mudou de estratégia e passou a adular ministros da Corte. Com Dias Toffoli, dividiu um fim de tarde de domingo, um jogo de futebol na televisão e uma pizza, além de muitas conversas de coxia. Em um gesto mais contundente de deferência, Bolsonaro também acompanhou o seu primeiro indicado ao tribunal, Kassio Nunes Marques, para um beija-mão a Gilmar Mendes, o magistrado que, meses antes, havia comparado a “genocídio” a atuação do governo no combate à pandemia do novo coronavírus.

A promessa de não negociar com os partidos e de enterrar a “velha política” também acabou engavetada. Antes descrito como a quintessência do fisiologismo e o inimigo parlamentar a ser batido, o Centrão se tornou aliado preferencial e base governista no Congresso. Eleito com a promessa de combater a corrupção, o presidente se associou a legendas como o Progressistas, recordista de políticos investigados na Lava-Jato, o PL, protagonista do mensalão, e o PTB, do notório Roberto Jefferson. Essa decisão não agradou à ala mais ideológica do bolsonarismo, cada vez mais escanteada com o passar do tempo. A rendição à moderação, mesmo que temporária, foi forçada por uma sucessão de fatos. Ministros do STF fizeram chegar a Bolsonaro o recado de que seus filhos Carlos, o Zero Dois, e Eduardo, o Zero Três, poderiam ser presos no âmbito de inquéritos em curso no STF. Magistrados e políticos também lembraram Bolsonaro de que, se continuasse a esticar a corda, ele poderia ser até destituído. Há processos de cassação de sua chapa em tramitação na Justiça Eleitoral. Há dezenas de pedidos de impeachment à espera de análise na Câmara. E sempre haverá Fabrício Queiroz. Em 2020, o ex-capitão se viu obrigado a recolher as armas. Vamos ver se vai continuar assim.

Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.