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Ministro estuda nomear oficial da Aeronáutica como diretor do Inpe

Ricardo Galvão deixou o cargo depois de rebater declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a divulgação de dados referentes ao desmatamento na Amazônia

Por Estadão Conteúdo
5 ago 2019, 12h51

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou, em entrevista à Rádio Eldorado, que o nome do novo diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) deve ser anunciado entre esta segunda-feira, 5, e a terça-feira, 6. Segundo ele, o critério será técnico e, entre os nomes, está um oficial da Aeronáutica, que é doutor em desmatamento. “Estou procurando um nome que tenha conexão com Inpe, que tenha conhecimento nessa área de desmatamento e em gestão”, disse Pontes.

O ministro disse que o ex-diretor do Inpe Ricardo Galvão tornou a situação insustentável ao procurar a imprensa para rebater falas do presidente Jair Bolsonaro em vez de tentar resolver a crise por meio do diálogo. Galvão foi acusado por Bolsonaro de estar “a serviço de alguma ONG” após a divulgação de dados do instituto que mostraram aumento de 88% no desmatamento da Amazônia em junho em relação ao mesmo mês em 2018. Bolsonaro afirmou que os números eram “mentirosos”.

“Se o Galvão tivesse me procurado após os comentários de Bolsonaro, tudo poderia ter sido resolvido no diálogo. O fato de ter falado direto com a imprensa gerou a perda de confiança”, declarou Pontes. “Tem influência do presidente [na demissão], mas também tem minha parte, porque se tornou difícil de contornar a situação.”

O ministro disse estar à disposição para dar esclarecimentos no Senado Federal, caso seja chamado.

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Sobre o monitoramento do desmatamento, central na crise entre o Inpe e o governo, Pontes disse que o sistema será alterado, de modo a atender melhor o cliente final, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que responde ao Ministério do Meio Ambiente, chefiado por Ricardo Salles.

Segundo o ministro, serão colocados mais satélites, a análise será conjunta e a divulgação dos dados será definida junto ao Ibama, mas que será de forma transparente. Pontes explicou que antigamente os dados eram dados ao Ibama antes, que verificava se tinha alguma ação de desmatamento em curso e, só cinco dias depois ,eram divulgados na página do Inpe.

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“Houve uma dificuldade de comunicação. O Inpe e o Ibama não estavam conversando muito bem. Todo problema começou com o uso incorreto dos dados do Inpe. Os dados do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real) são crus, não podem ser divulgados imediatamente”, disse. “Confiamos nos dados do Inpe, mas talvez a forma dos dados não seja ideal para combater o desmatamento.”

Pontes reconheceu, contudo, que o Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), levantamento anual que deve ser divulgado entre fim de agosto e início de setembro, deve mostrar a mesma tendência de aumento do desmatamento dos dados que iniciaram a polêmica no Inpe.

Em relação às declarações controversas de integrantes do governo sobre a inexistência de desmatamento e do aquecimento global, Pontes contemporizou dizendo que procura explicar os dados do ministério para Bolsonaro e outros ministros. “Mas a questão é que nem todo mundo entende sobre ciência e, às vezes, interpreta do ponto de vista pessoal”, declarou.

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