O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco (PMDB), disparou na tarde deste domingo contra o operador Lúcio Funaro, o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o empresário Joesley Batista. Um dos mais próximos aliados de Temer, o ministro classificou a delação de Funaro, que baseia a segunda denúncia criminal contra o presidente, de “encomenda remunerada”.
“Como o objetivo da dupla Joesley e Janot era derrubar Michel Temer, após a derrota na 1ª denúncia, só um fato novo justifica a segunda flecha”, escreve Moreira Franco em sua conta oficial no Twitter, emendando que “flechada que muito antes foi anunciada pela PGR. Como faltava-lhe bambu, ocorreria a encomenda remunerada da delação de Funaro”.
Em suas mensagens, o ministro reverte a lógica da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente. Ao invés de Joesley supostamente ter subornado Funaro, com o consentimento de Temer, para evitar uma delação, o empresário do grupo J&F teria pago o operador financeiro justamente para que falasse. O peemedebista vai além e atribui esse pedido ao próprio Rodrigo Janot.
“Seria um delivery de matéria-prima: Janot pedia e Joesley pagava”, afirmou o ministro. Em seu acordo de colaboração premiada, Lúcio Funaro confirmou a tese dos investigadores de que havia uma espécie de “organização criminosa do PMDB da Câmara”, um grupo de deputados que se utilizava de cargos em estatais e de seus mandatos como parlamentares para obter vantagens indevidas.
Segundo a narrativa da PGR, Michel Temer, hoje presidente e deputado federal entre 1996 e 2010, era o chefe da organização, da qual faziam parte o próprio Moreira Franco e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), também denunciados, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves e o ex-assessor especial da Presidência, Rodrigo Rocha Loures.