Moro manda investigar estelionato contra filha de Bendine
Amanda Bendine recebeu e-mail em que um criminoso, se passando por seu pai, pediu depósito de R$ 700.000 para 'garantir' habeas corpus no STF
O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, determinou nesta segunda-feira que seja instaurado inquérito para investigar a tentativa de estelionato contra uma das filhas do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, preso na 42ª fase da Lava Jato e suspeito de receber propina de 3 milhões de reais da empreiteira Odebrecht.
Amanda Bendine, uma das filhas do ex-executivo das estatais, recebeu do endereço aldemirbendine63@bol.com.br um e-mail em que o remetente, dizendo ser seu pai, pedia que sua mãe, Silvana Bendine, transferisse 700.000 reais a uma conta do Banco do Brasil em nome de “Alexandre Inácio”.
O falso Bendine, que disse contar com a ajuda de um agente da Polícia Federal no envio da mensagem, explicou que o valor seria destinado a “garantir o habeas corpus domiciliar” no Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu já tinha combinado o valor com eles”, acrescentou.
Amanda encaminhou a correspondência eletrônica à advogada Cláudia Vara San Juan Araújo, que defende Aldemir Bendine. Na última sexta-feira, Cláudia e Pierpaolo Bottini, que também integra a defesa, pediram ao juiz federal Sergio Moro as quebras do sigilo eletrônico do e-mail falso e do sigilo bancário da conta indicada para depósito.
“Evidentemente, pessoa mal intencionada, em posse das informações divulgadas pela mídia – tais como o nome dos familiares do Peticionário e destes defensores – está se fazendo passar por Aldemir Bendine, seja para obter vantagens indevidas em prejuízo de seus familiares – que de forma desavisada poderiam ter realizado o depósito – seja para agravar sua situação nesses autos”, escreveram os advogados a Moro.
Depois de receber a decisão do magistrado pela abertura do inquérito, o delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace informou a Sergio Moro que encaminharia o e-mail apresentado pela defesa de Bendine à Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado.
De acordo com Hille Pace, a Justiça Federal não pode investigar o estelionato tal qual praticado contra a filha de Aldemir Bendine porque o caso não atende a três requisitos que definem a competência da apuração de um crime cibernético em esfera federal. “A mera prática delitiva em ambiente da Internet não e suficiente para a atração da competência da JF”, escreveu o delegado da PF.