Apesar da chuva, Porto Alegre começou a mostrar neste domingo (21) os primeiros sinais das manifestações em função do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcado para quarta-feira, 24, no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).
A Frente Brasil Popular, que congrega dezenas de movimentos sociais, sindicais e partidos de esquerda, começou a montar no início da tarde o acampamento onde os militantes pró-Lula vão se manifestar desta segunda-feira até o dia do julgamento. O local designado pela Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul após acordo com os movimentos que defendem a absolvição do ex-presidente é o Anfiteatro do Pôr do Sol, um amplo gramado localizado às margens do Rio Guaíba, a cerca de um quilômetro da sede do TRF-4.
Na manhã desta segunda, cerca de 2,5 mil integrantes da Via Campesina vão se reunir na BR-116 e seguir em caminhada até o acampamento. O percurso, de 7,6 quilômetros, atravessa algumas das principais avenidas da capital gaúcha e terá a presença de João Pedro Stédile, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Na tarde de domingo, diversos caminhões do 3º Batalhão de Engenharia do Exército vindos de Cachoeira do Sul (RS) estavam estacionados no local da concentração. Eles carregavam tratores e soldados armados com fuzis. As assessorias do Exército e da Secretaria Estadual de Segurança não foram localizadas, mas militares disseram extraoficialmente se tratar de coincidência e que a presença das tropas no local não tem relação com as manifestações.
Caravanas
Também neste domingo começaram a chegar a Porto Alegre as primeiras caravanas vindas do interior gaúcho e de outros estados trazendo militantes pró-Lula. Uma delas é a argentina Nadya Loscacdo, de 23 anos. Estudante de História da Arte em Buenos Aires, Nadya integra a organização de esquerda Pátria Grande, que tem vínculos com o MST, e desde o início de janeiro participa de uma “vivência” no assentamento sem-terra de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre. “Para nós na Argentina é importante defender a democracia no Brasil para barrar o avanço do neoliberalismo no continente.”
Na movimentada esquina das Avenidas Mostardeiro e Goethe, no bairro de classe média alta Moinhos de Vento, dois militantes de um grupo que defende a intervenção militar se manifestavam embaixo de chuva. A dona de casa Luciana Liska, de 47 anos, e um homem que não quis se identificar porque, segundo ele, “a imprensa toda é do PT”, seguravam bandeiras do Brasil. “Precisamos dos militares porque quase todos os políticos estão envolvidos em corrupção. A gente não tem mais onde recorrer”, disse Luciana.