MPF pede condenação de Cabral por corrupção e lavagem de dinheiro
Procuradores da Lava Jato afirmam que ex-governador do Rio recebeu dinheiro de propina da Andrade Gutierrez para a construção de uma unidade da Petrobras
Em suas alegações finais à Justiça, a força-tarefa da Operação Lava Jato pediu a condenação do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) por corrupção passiva e 114 crimes de lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras. Apresentada ao juiz Sergio Moro, o documento conclui a acusação do Ministério Público Federal (MPF) em um dos oito processos em que o peemedebista é réu.
A Lava Jato pede, ainda, que a pena do ex-governador seja agravada por ter promovido ou organizado a cooperação dos demais agentes do crime. Na ação, também são réus a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, o suposto sócio de Cabral Carlos Miranda e a esposa deste, Mônica Carvalho. Adriana, Wilson e Miranda também são acusados pelos mesmos crimes do ex-governador, enquanto Mônica é denunciada apenas por lavagem de dinheiro.
O documento também pede que sejam restituídos à Petrobras o valor de 2,7 milhões de reais, considerado o “dano mínimo” que os crimes dos réus causaram à estatal. Por determinação de Moro, a estatal tem até quarta-feira, como assistente de acusação, para complementar os pedidos da Lava Jato.
Por fim, a defesa dos réus tem oito dias úteis, começando na quinta-feira e indo até o dia 5 de junho. Depois, Moro poderá proferir sentença.
Processo
A ação diz respeito ao contrato de construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), pelo qual a construtora Andrade Gutierrez teria pago propina. O contrato teria valor original de 819 milhões mas, com cinco aditivos, teria terminado custando mais de 1,1 bilhão de reais.
A denúncia argumenta que os principais executivos da Andrade Gutierrez teriam sido avisados da necessidade de pagar Cabral pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A ação também cita que Cabral e os demais réus da ação teriam comprado diversos produtos com o dinheiro oriundo dos delitos, de móveis a equipamentos agrícolas – caso de Carlos Miranda – até roupas, relógios e vestidos, caso do casal formado pelo ex-governador e por Adriana Ancelmo.
A VEJA, Alexandre Lopes, advogado da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, afirmou que ela se manifestará em suas alegações finais. As defesas do ex-governador Sérgio Cabral e de Carlos Miranda, procuradas, não se manifestaram. Os advogados de Wilson Carlos Cordeiro não foram encontrados.