Na véspera de depoimento a Moro, país tem atos pró e contra Lula
Em Curitiba, onde ocorrerá a audiência, houve marcha de sem-terra e manifestação no centro da cidade; grupos pró-Lava Jato fazem vigílias e criticam STF
Na noite que antecedeu o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro em processo relativo à Lava Jato, em Curitiba, manifestantes saíram às ruas do país em defesa do petista ou da operação – e confirmou o já esperado contorno político que ganhou a audiência.
Em Curitiba, onde o petista falará a Moro a partir das 14h, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ergueram acampamento em um terreno anexo à rodoviária da cidade. No início da noite, cerca de 4.000 militantes acampados, número divulgado pelos organizadores, partiram em protesto até a praça Tiradentes, próximo ao local onde os manifestantes pró-Lula se concentrarão amanhã, na região conhecida como Boca Maldita.
A manifestação, que contou com faixas e gritos contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB), teve a presença de membros do primeiro escalão petista, como o governador do Piauí, Wellington Dias, e o ex ministro Gilberto Carvalho, que fizeram discursos rápidos. O líder do MST, João Pedro Stédile, também foi ao ato.
O protesto na praça Tiradentes terminou com a participação de juristas, entre os quais Marcelo Lavanére, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Roberto Amaral, que fizeram críticas à Lava Jato e Moro.
Contra Lula
Convocados por grupos como Movimento Brasil Livre (MBL), Avança Brasil, Nas Ruas e Revoltados On Line, manifestantes que apoiam Moro e a Lava Jato fizeram vigílias pelo país – acenderam velas e empunharam faixas e bandeiras do Brasil – e pediram “Lula na cadeia”.
Em São Paulo, a concentração foi no Museu de Arte de São Paulo (Masp), com a presença de líderes do movimento, como Kim Kataguiri e Fernando Holiday – este também esteve em Brasília. Na capital federal, manifestantes, assim como na capital paulista, acenderam velas e inflaram bonecos de ministros do STF Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes – criticados por terem votado a favor da soltura de réus da Lava Jato -, do ex-ministro José Dirceu e de Lula.
Segundo Carla Zambelli, líder do movimento Nas Ruas, a polícia pediu para que os bonecos fossem retirados em Brasília, o que foi acatado. Ela atribuiu a ação ao fato de haver bonecos de ministros do STF, já que em outras ocasiões isso não ocorreu. “Já fizemos protesto com Dilma, Lula, isso nunca aconteceu”, disse em vídeo postado na internet.
Os organizadores previam vigílias em cerca de 60 cidades. Nas redes sociais, eles postaram fotos de protestos realizados em capitais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza e cidades médias como Campinas, São José dos Campos e Taubaté. A ideia é que as vigílias sejam mantidas durante esta quarta-feira.