Deltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa da Operação Lava Jato, fez um “desabafo”, como ele definiu, nas redes sociais na noite desta quarta-feira. Compartilhando uma publicação feita pouco antes no Facebook por Carlos Fernando Dos Santos Lima, também procurador da República que atua na Lava Jato, Dallagnol comentou que “há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão”. O pronunciamento dos juristas veio após a divulgação da conversa entre o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer pelo jornal O Globo.
“Desabafo desta noite, somando-me ao que colocou abaixo o colega da Força Tarefa, Carlos Fernando. Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a Anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão. Se este Congresso não fizer as reformas necessárias contra a corrupção, será uma confissão de incompetência e merecerá a vergonha dos crimes que o cobrem – com as honrosas exceções daqueles que estão lutando por essas mudanças”, escreveu Dallagnol. “E a melhor coisa que a sociedade poderá fazer, além de protestar, será mostrar sua indignação nas urnas, colocando no Congresso em 2018 pessoas comprometidas com as transformações que queremos ver. Não roubarão nosso país de nós. Lutaremos por ele até o fim.”
A publicação de Dallagnol deu apoio às palavras de Carlos Fernando Dos Santos Lima, que também é integrante da Força-Tarefa das investigações no Paraná. No pronunciamento, Carlos Fernando defendeu a continuidade do trabalho realizado pela Operação Lava Jato.
“É preciso acreditar em um trabalho sério desenvolvido pelo Ministério Público Federal desde o início de 2014. Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na sua tarefa de revelar a corrupção político-partidária sistêmica que mina todos os esforços da população para trabalhar e crescer por esforços e méritos próprios”, disse. “Não sejamos maniqueístas de achar que ou é o partido X ou o partido Y o problema. É muito mais que isso. Nem também aceitemos a ideia de que precisamos encerrar as investigações, jogando tudo debaixo do tapete, em troca de uma recuperação econômica. Enquanto não mudarmos a política e as leis processuais e penais, viveremos uma crise atrás de outra. Precisamos acreditar que é possível mudar.”