Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos por VEJA sob a condição de reserva estimaram que serão necessários até cinco anos para que os processos contra o ex-presidente Lula remetidos agora para a Justiça Federal do DF sejam concluídos na primeira instância. Os cálculos foram feitos depois que o relator da Lava-Jato no Supremo, Edson Fachin, anulou as duas condenações e retirou de Curitiba outros dois processos em que o petista era suspeito de ter recebido propina de empreiteiras.
Apesar da reviravolta jurídica em favor do principal condenado da Lava-Jato, a decisão individual de Fachin não transforma o ex-presidente em um inocente, embora devolva a ele o status de ficha limpa e o direito de se candidatar nas próximas eleições. As ordens de buscas, interceptações telefônicas e quebras de sigilo relacionadas a Lula nos quatro processos que tramitaram em Curitiba continuam valendo e podem ser aproveitadas pelos juízes da Justiça Federal do DF que receberão os casos.
O cenário em Brasília, porém, é amplamente favorável a investigados por escândalos de corrupção. A primeira e segunda instâncias da capital já arquivaram casos como o quadrilhão do PT, a acusação de que um aspirante a delator seria subornado para ficar calado e o processo em que Lula e seu sobrinho Taiguara Rodrigues eram suspeitos de receber propinas da Odebrecht em um esquema em Angola. Somente após nova condenação por órgão colegiado é que Lula voltaria a ser enquadrado como ficha suja e impedido de disputar cargos eletivos. Pelas projeções de integrantes do STF, porém, isso só deve ocorrer depois de 2026.