O alívio do clã com a ex de Bolsonaro impedida de disputar as eleições
Investigada no escândalo das rachadinhas, Ana Cristina Siqueira Valle perdeu a nacionalidade brasileira
Nas eleições de 2018, a candidatura do então deputado Jair Bolsonaro revelou uma personagem que o clã bolsonarista preferia ter deixado no anonimato. Ana Cristina Siqueira Valle, mãe do filho Jair Renan e com quem o ex-presidente manteve uma união estável por uma década, decidiu arriscar a vida pública e também se candidatou, disputando (sem sucesso) uma vaga na Câmara dos Deputados após uma campanha amparada na imagem do ex-companheiro.
Era só o início da dor de cabeça. Além de desavenças internas – Michelle Bolsonaro e Ana Cristina mantêm uma relação nada amigável –, logo vieram à tona os escândalos envolvendo a família. Ana Cristina trabalhou no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro e foi apontada como a responsável por um esquema de rachadinha envolvendo os funcionários do gabinete do filho Zero Dois.
Além disso, como revelou VEJA, um processo judicial ingressado pela ex-companheira à época da separação acusava Bolsonaro de ocultar bens enquanto mantinha um patrimônio milionário, de furtar um cofre com joias e ter um “comportamento explosivo”.
Após a vitória de Bolsonaro, Ana Cristina se mudou para Brasília, se aproximou de lobistas famosos e tentou interferir com indicações de aliados em cargos no governo federal. No ano passado, ela se candidatou a deputada distrital, mas novamente não se elegeu. Apesar do descontentamento, Bolsonaro jamais confrontou a ex-companheira, tida internamente como uma “mulher-bomba” sobre os segredos da família.
Com a derrota e a inelegibilidade de Bolsonaro, sua família se movimenta para manter o legado do ex-presidente, como mostra reportagem de VEJA desta semana. No entanto, se nada mudar, a sonhada carreira política de Ana Cristina está enterrada.
Em fevereiro deste ano, o Ministério da Justiça declarou a perda da nacionalidade brasileira após ela ter adquirido a nacionalidade norueguesa – Ana Cristina se mudou para o país europeu, onde mora com o marido, depois das eleições. Dessa maneira, ela passa a ser considerada uma estrangeira e precisa solicitar à Polícia Federal autorização caso tenha interesse de morar no Brasil como uma imigrante. Conforme determina a Constituição, a nacionalidade brasileira é uma condição para quem quer disputar uma eleição.
Ana Cristina ainda pode readquirir a nacionalidade brasileira – para isso, no entanto, ela precisa perder a nacionalidade norueguesa. No entorno de Bolsonaro, todo mundo torce para ela ficar onde está – bem distante.