O que faz o governo acreditar que havia profissionais em atos golpistas
Luvas profissionais e conhecimento de campo são indícios que acenderam a luz de alerta no governo
Dois depoimentos extraoficiais de um sargento e de um major da Polícia Militar do Distrito federal a integrantes do governo fizeram a equipe do ministro da Justiça Flávio Dino se convencer de que entre os manifestantes que depredaram prédios públicos e invadiram as sedes dos três poderes, em 8 de janeiro, havia profissionais. Segundo o relato dos dois PMs, que devem comparecer a oitivas dentro da própria polícia nos próximos dias, alguns fatores demonstram que havia preparo especial de parte dos vândalos, como pessoas com conhecimento de campo e de localizações estratégicas em cada prédio e de táticas de combate, como o uso de luvas especiais para recolher bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo e arremessá-las de volta na direção das forças policiais. Nos atos de 8 de janeiro, 44 policiais militares ficaram feridos.
Conforme mostrou VEJA na edição que chega neste fim de semana às bancas e plataformas digitais, em mensagens postadas em um grupo de WhatsApp o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança do presidente e pela guarda do Palácio do Planalto, concluiu que as manifestações de bolsonaristas não representam risco e, por isso, dispensou o efetivo que deveria proteger o prédio da ação de vândalos. Para integrantes de Executivo que tentam montar o quebra-cabeças de responsabilidades sobre os atos de 8 de janeiro, outros indícios sugerem despreparo e até conivência de forças policiais.
No domingo de vandalismo havia apenas 365 homens da PM para fazer a segurança na Esplanada, um contingente ínfimo quando detectadas manifestações populares consideradas críticas. Para efeito de comparação, após o quebra-quebra, diante de uma nova manifestação em Brasília convocada para o dia 11 – em que ninguém compareceu, diga-se – a região da Praça dos Três Poderes foi escoltada por 1.096 homens. Também no fatídico dia 8, ao contrário dos protocolos básicos, havia apenas grades de proteção simples e gradis simples para conter os manifestantes, com as laterais a descoberto. O recomendado era que houvesse barreiras duplas e todas as laterais que dão acesso aos prédios isoladas.