Oposição pede cassação de Flávio Bolsonaro no Conselho de Ética
'Ele mantém uma relação continuada com as milícias, e não se pode permanecer andando pelo Senado Federal', disse o deputado federal Marcelo Freixo, do PSOL
Um grupo de parlamentares do PSOL, PT e Rede entrou com pedido de cassação do senador Flávio Bolsonaro (sem partido) no Conselho de Ética do Senado na manhã desta quarta-feira, 19. As três legendas acusam o filho Zero Um do presidente da República de quebra de decoro parlamentar. “O senador Flávio Bolsonaro mantém uma relação continuada com as milícias do Rio de Janeiro, e não se pode admitir que uma pessoa com esse tipo de conexão permaneça andando livremente no Senado Federal”, afirmou o deputado federal Marcelo Freixo, do PSOL.
O documento, entregue ao senador Jayme de Campos, presidente do Conselho, afirma que Flávio mantém uma “ligação forte e longeva” com as milícias no Rio de Janeiro. “Facilitada por esta relação com as milícias, ou em razão dela, flagrou o Ministério Público, a Polícia e órgãos de controle (como o antigo Coaf), um esquema montado dentro do gabinete do atual senador, quando ex-deputado estadual, com a prática de crimes como lavagem de dinheiro e ilícitos como a contratação de funcionários fantasmas e a ‘rachadinha’ (a apropriação de parte ou da totalidade da remuneração dos funcionários de seu gabinete)”.
“É preciso que as pessoas saibam que as milícias são grupos criminosos que transformam o controle do espaço territorial em controle político. São criminosos que impõe sua vontade eleitoral, e o Parlamento precisa investigar e discutir isso”, complementou Freixo.
Outro trecho da representação detalha as ligações de Flávio com Adriano Nóbrega, morto na Bahia dia 9, e com Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador. De acordo com investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro, Nóbrega era beneficiário do chamado esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro. A conexão foi constatada em uma conversa por aplicativo de mensagens entre Nóbrega e sua ex-esposa, Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, que teve o celular apreendido na Operação Intocáveis.
“Em conversas por WhatsApp, Nóbrega revela que era beneficiado pelo dinheiro repassado do esquema por ser integrante do
Escritório do Crime. Afirmou ele na conversa revelada que: ‘contava com o que vinha do seu tmbm [também]’. Outro personagem central na ligação do senador com as milícias é Fabrício Queiroz, também ex-policial. Era amigo do miliciano Adriano Nóbrega. Queiroz, segundo investigações, era uma das ligações do gabinete com as organizações criminosas – o tal “escritório do crime” – e com milicianos.
Só de pessoas intimamente ligadas à milícia, o operador Queiroz recebeu 17 (dezessete) depósitos da mãe do miliciano, Raimunda Veras Magalhães, na época em que ela era assessora de Flávio Bolsonaro na ALERJ”, relata a representação contra o senador.
Em 2018, o então Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Banco Central, identificou que Queiroz movimentou 7 milhões de reais entre os anos de 2014 e 2017. O valor é muito superior à renda do ex-assessor e amigo da família Bolsonaro.