Oposição reage a declaração de Paulo Guedes sobre AI-5
O AI-5 é considerado o início do período mais duro da ditadura militar, em 1968 — 'Com democracia não se brinca', respondeu Paulo Pimenta

O ministro da Economia, Paulo Guedes, está sendo criticado por ter afirmado a jornalistas que não se assustassem “se alguém pedir o AI-5” por conta de uma radicalização dos protestos no país. Políticos como Jean Wyllys, Manuela D’Ávila e Paulo Pimenta foram às redes sociais repudiar a declaração.
“É irresponsável chamar alguém para rua agora para fazer quebradeira. Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”, afirmou Guedes na noite desta segunda-feira, 26, em resposta aos discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao deixar a prisão.
O líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que “com democracia não se brinca”. “Embora o chefe dele seja fã do ditador Augusto Pinochet, o Paulo Guedes precisa saber que não estamos em 1964 e nem no Chile de 1973. Falar de AI-5 como se isso fosse um fato normal da vida política brasileira é uma ofensa à sociedade”, disse.
“Brasil viveu intensas manifestações de todos os lados nos últimos 40 anos e ninguém falou em AI-5. Agora, exortar o uso da força é recorrente. Antes de tudo, um governo de covardes”, afirmou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). O ex-parlamentar pelo PSOL Jean Wyllys afirmou que a “desgraça” foi anunciada desde as eleições de 2018.
O ministro não é o primeiro integrante do governo a mencionar o AI-5 como uma resposta a manifestações contrárias. Há pouco menos de um mês, o deputado federal Eduardo Bolsonaro deu declaração semelhante. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a afirmação do filho.
Decretado em 1968, durante a ditadura militar, o AI-5 fechou o Congresso Nacional e cassou liberdades durante a ditadura, entre outra medidas que suspenderam garantias constitucionais que eventualmente resultaram na institucionalização da tortura. O ato é o mais duro de todos os Atos Institucionais, considerado o início do período mais duro da ditadura.
Veja as repercussões pelo Twitter:
Guedes diz que é uma insanidade pedir o povo nas ruas. É assim que eles tratam a democracia.
Brasil viveu intensas manifestações de todos os lados nos últimos 40 anos e ninguém falou em AI-5. Agora, exortar o uso da força é recorrente. Antes de tudo, um governo de covardes.
— Ivan Valente (@IvanValente) November 26, 2019
Guedes, o fã de Pinochet, fala em AI5. bolsonaro, fã de Ustra, envia o excludente de ilicitude para o congresso para “evitar mobilizações sociais”. Precisa desenhar o que eles imaginam para o país?
— Manuela (@ManuelaDavila) November 26, 2019
GUEDES FLERTA COM DITADURA
O ministro da Fazenda de Bolsonaro chamou de “insanidade” Lula convocar o povo a ir às ruas pra defender o Brasil, a democracia e os direitos.
Para conter protestos, o discípulo de Pinochet defendeu AI-5 e justificou licença p/ matar manifestantes.
— Erika Kokay (@erikakokay) November 26, 2019
Para entender o que significa a nova moda de mencionar o “AI 5” a todo momento, sugiro o livro “Brasil Nunca Mais”, coordenado pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e outros líderes religiosos. E lembro que a Alemanha até hoje não admite a propaganda do nazismo. Um bom exemplo.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) November 26, 2019
Embora o chefe dele seja fã do ditador corrupto Augusto Pinochet, o Paulo Guedes precisa saber que não estamos em 1964 e nem no Chile de 1973.
Falar de AI-5 como se isso fosse um fato normal da vida política brasileira é uma ofensa à sociedade.
Com a democracia não se brinca.
— Paulo Pimenta (@Pimenta13Br) November 26, 2019
Governo prepara uso da violência contra movimentos sociais. Depois do relatório de consultoria dizer q Bolsonaro prevê agitações no Brasil; de deputada do PSL pedir ação policial contra o PT, agora Guedes defende uso do AI5. O povo tem q sofrer calado https://t.co/aazf4VBCA4
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 26, 2019