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Os prováveis ministros de um eventual governo Bolsonaro

O líder ruralista Luiz Antonio Garcia diz que não haverá diálogo com o MST: 'O Brasil não precisa de reforma agrária'

Por Estadão Conteúdo
30 set 2018, 09h35

Às vésperas da eleição, conselheiros do candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, preparam ações para reforçar a campanha no segundo turno, quando o capitão reformado deverá ter dez minutos no horário de rádio e TV para o embate direto com o petista Fernando Haddad – caso o resultado das urnas confirmar as últimas pesquisas. 

Enquanto consolida as análises, o grupo começa a ser tratado dentro da campanha como embrião do ministério de um eventual governo Bolsonaro. Dele participam generais da reserva, antigos colegas do candidato na Câmara, representantes de classe e de setores da economia que se aproximaram do deputado. A hierarquia dentro do “núcleo duro” leva em conta as prioridades do plano de governo. 

Misto de secretário pessoal e assessor, Gustavo Bebianno (presidente interino do PSL) ajuda nas articulações políticas, participa da distribuição de verba e controla a agenda do candidato. O general da reserva Augusto Heleno Ribeiro prepara estudos nas áreas de Defesa e segurança pública. Os demais conselheiros de maior destaque são: o também general da reserva Osvaldo Ferreira (infraestrutura), o economista Paulo Guedes (economia) e o líder ruralista Luiz Antonio Garcia (agricultura).

Indicado por Bolsonaro como futuro ministro da Economia, numa pasta que concentraria os poderes dos atuais ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Guedes organiza e comanda as discussões técnicas do programa. Há mais de 30 especialistas debruçados sobre diferentes temas.

Desde que se tornaram públicas as propostas econômicas de Guedes como um plano de simplificação tributária que envolveria a criação de imposto sobre movimentações financeiras, a ordem é que os colaboradores não deem entrevistas. A fidelidade a Bolsonaro e a Guedes é repetida por aqueles que aceitaram falar sob reserva com o Estado. Eles repetem que “a palavra final” sobre o que entra ou sai do programa é do economista. Todos os dias, há alguma reunião ocorrendo, às vezes via WhatsApp ou Skype.

Cotados

Na agricultura, o plano é reunir numa mesma pasta a agricultura familiar, o Incra e, possivelmente, o Ibama. A agricultura familiar ganharia uma autarquia nos moldes da Embrapa e, segundo Garcia, não haveria diálogo com “organizações” como o MST. “O Brasil não precisa de reforma agrária, mas de colonização para assentar as famílias, sem ideologias”, diz. 

O administrador do Hospital do Câncer de Barretos, Henrique Prata, e o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) são cotados para chefiar a pasta da Saúde. Já para a segurança pública, Bolsonaro tem recebido propostas dos deputados Fernando Francischini (PSL-PR) e Major Olímpio (PSL-SP) e do coronel Ney Oliveira Müller. 

Para a chefia da Casa Civil, um dos cargos mais importantes do ministério, quem está bem cotado é deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). E, na área de ciência e tecnologia, o nome citado para assumir a pasta é o do astronauta Marcos Pontes, que é tenente-coronel da reserva da Força Aérea.

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Alta

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, deixou no início da tarde de ontem o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 7. Ele usou uma saída reservada, evitando imprensa e simpatizantes que o esperavam na porta do local. Na sequência, embarcou em um voo comercial para o Rio, onde reside.

O presidente interino do PSL, Gustavo Bebianno, afirmou que Bolsonaro ainda está em recuperação e não terá condições de fazer campanha de rua. Segundo ele, a recomendação é para que o presidenciável passe os próximos dez dias em casa. 

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Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, durante o voo para o Rio, o candidato, que se recupera de uma facada no abdome disse que deseja participar do debate da emissora na quinta-feira e que está tentando uma liberação médica para isso.

Aplausos e vaias

Ao entrar no avião, Bolsonaro foi recebido com aplausos e vaias. Ele e a família foram os últimos a embarcar em Congonhas e os primeiros a descer da aeronave no Santos Dumont. No avião, foram recebidos aos gritos de “ele não” e “ele sim” – em referência à campanha criada nas redes sociais contra o presidenciável – e também de “fascista” e “mito”. “Um casal que estava do meu lado se recusou a viajar e saiu do avião”, contou a passageira Thais Canella, que estava no mesmo voo. O voo partiu com 15 minutos de atraso. Para os assessores de Bolsonaro, as manifestações de apoio ao candidato foram predominantes. 

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Bolsonaro ficou na primeira cadeira, poltrona 1A, cercado por policiais federais da escolta. Os agentes se espalharam pelo avião e bloqueavam quem passava perto da fileira de Bolsonaro. Eles também acompanhavam até a porta os passageiros que queriam ir ao banheiro. Funcionários da empresa aérea pediam calma a todo momento. Bolsonaro chegou a se virar uma vez e acenou para os passageiros. 

Nova versão

Em campanha ontem em Itatiaia (RJ), Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, deu nova versão para as acusações feitas em 2008 de que ele a ameaçou, ocultou patrimônio e tinha renda incompatível com seus ganhos como deputado federal e militar da reserva. Ana – candidata a deputada federal pelo Podemos com o nome de Cristina Bolsonaro – diz agora que mentiu à Justiça por mágoa da separação.

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À época, eles disputavam a guarda do filho Jair Renan. “Eu falei inverdades. Não menti, mas falei coisas num estado de nervos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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