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Como foi o depoimento de Osmar Terra à CPI da Pandemia

Deputado federal é suspeito de integrar 'gabinete paralelo' que recomendava uso de cloroquina ao governo

Por Da Redação Atualizado em 23 jun 2021, 05h31 - Publicado em 21 jun 2021, 23h48
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  • O ex-ministro da Cidadania e deputado Osmar Terra (MDB-RS) presta depoimento nesta terça-feira, 22, na CPI da Covid-19. Ele é apontado como um dos integrantes do chamado “gabinete paralelo” que orientava o presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia.

    O depoimento

    Em sua fala inicial, Osmar Terra repetiu a narrativa governista de que o STF “tirou” de Jair Bolsonaro o poder de combater a pandemia e criticou as medidas de isolamento adotadas por governos estaduais.

    Confrontado com um vídeo de suas inúmeras previsões erradas sobre o número de mortos e a duração da pandemia no Brasil, o deputado afirmou que foram “conclusões pessoais” baseadas nos números da Covid-19 em países como China e Coreia do Sul até aquele momento. Osmar Terra, que afirmou diversas vezes que a crise do coronavírus acabaria “em algumas semanas”, culpou as novas cepas pelo período prolongado da pandemia.

    O parlamentar negou ainda ter advogado a “imunidade de rebanho” como uma política para enfrentar o vírus e declarou que nunca defendeu que as pessoas “se contaminassem livremente”” O ex-ministro reafirmou que toda a pandemia termina com a “imunidade de rebanho” – seja por vacinação ou contaminação.

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    Sobre sua influência nas políticas do governo na pandemia, Osmar Terra declarou que “de vez em quando” Bolsonaro lhe pergunta algo e que ele responde “quando acha que pode responder”. O ex-ministro, porém, reiterou que “não tem poder” sobre o presidente.

    O deputado negou a existência do “gabinete paralelo” para assessorar o Planalto na questão e afirmou que a reunião gravada do grupo de médicos favoráveis ao chamado “tratamento precoce” foi pública e transmitida pela internet. Osmar Terra afirmou que esse encontro foi a única vez em que dialogou com Paolo Zanotto, virologista suspeito de fazer parte desse gabinete, e que também conversou poucas vezes com outra suposta integrante do grupo, a médica Nise Yamaguchi. O parlamentou negou ainda qualquer envolvimento na tentativa de mudança da bula da cloroquina.

    Terra afirmou que nunca foi convidado para assumir o Ministério da Saúde e nem pleiteou o cargo.

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    ‘Gabinete paralelo’

    A participação de Terra no “gabinete paralelo” foi citada durante o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta à CPI, em maio. Na ocasião, Mandetta afirmou que “outras pessoas”, entre elas o ex-ministro da Cidadania, buscavam desautorizar orientações do Ministério da Saúde a Bolsonaro.

    Em reunião realizada em setembro do ano passado com a presença do presidente da República, o parlamentar foi apresentado como “padrinho” de um grupo de médicos que apoiavam o uso de remédios sem eficácia contra a Covid-19. Os senadores Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) são os autores do requerimento aprovado na forma de convite.

    LEIA TAMBÉM: O deputado-assessor de Bolsonaro para a cloroquina

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    Com formação em medicina, Terra ficou conhecido por suas opiniões controversas sobre a Covid-19 e por defender posições sem comprovação científica, como, por exemplo, o uso da cloroquina em pacientes infectados, mesmo sem evidências de que o remédio funcione contra a doença.

    O deputado sempre se mostrou contra o lockdown e outras medidas de isolamento e foi um dos principais defensores da ideia de que era possível atingir imunidade de rebanho contra o coronavírus mesmo sem vacinas. A imunidade de rebanho é atingida, em tese, quando a maior parte de uma população está imunizada contra uma doença e o vírus não consegue mais circular.

    A tese de Osmar Terra, no entanto, era de que as pessoas que já contraíram a doença se tornariam imunes e seria possível atingir essa imunidade de rebanho sem a vacinação.

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    Os senadores da CPI investigam se as políticas públicas promovidas pelo governo Bolsonaro foram influenciadas por conselhos do “gabinete paralelo”.

    Osmar Terra chamou atenção no início da pandemia por minimizar sua gravidade e fazer previsões que depois se mostraram infundadas. Em março do ano passado, por exemplo, ele afirmou que a pandemia de Covid-19 seria menos grave que a de H1N1.

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    A epidemia de H1N1 levou à contaminação confirmada de 53.797 pessoas entre 2009 e 2010 no país, de acordo com dados do Instituto de Medicina Tropical da USP. Já a pandemia de Covid-19 já teve mais de 17,9 milhões de casos e mais de 502 mil mortes no Brasil.

    Em abril de 2020, Osmar Terra afirmou que a pandemia teria o seu pico naquele mês e terminaria, no máximo, em junho, algo que também não se concretizou.

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