Ouça os áudios em que aliado de Bolsonaro detalha rachadinhas da família
Conhecido como Jacaré, o ex-assessor Waldir Ferraz contou a VEJA como funcionava o esquema nos gabinetes de Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro
Amigo do presidente da República há mais de 30 anos e ex-assessor de Jair Bolsonaro e do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), Waldir Ferraz detalhou a VEJA como funcionava o esquema de rachadinhas no clã bolsonarista e atribuiu à advogada Ana Cristina Valle, ex-esposa do capitão reformado, o papel de mentora da trama criminosa (LEIA A REPORTAGEM NA ÍNTEGRA).
Em entrevista exclusiva, Ferraz afirmou que o recolhimento de parte dos salários ocorria em três gabinetes da família presidencial – de Jair quando ele era deputado federal, de Carlos na Câmara municipal do Rio e do hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quando ele cumpria mandato na Assembleia Legislativa fluminense – e garante que nenhum dos três tinha conhecimento das traficâncias de Ana Cristina.
Ouça os áudios:
“Ela que fazia, mas quem assinava? É aquela história: batom na cueca”
“A jogada dela era a seguinte: ‘quer ganhar um dinheiro? Te dou 1000 reais por mês. Me empresta seu documento aí”
“Ela pegava a maior parte para ela. Ele quando soube ficou desesperado, era uma fria.”
“O recado que ela manda às vezes é no cercadinho. Às vezes ela vai no cercadinho, frequenta o cercadinho”
“ É como um beco sem saída: ela fez uma merda, eles assinaram sem saber e agora vão pagar caro por isso”
“ Ele ficou preocupado porque o Flávio, não tinha que tar preocupado com o Flávio. O problema é dele. Porque não ia dar em nada o negócio da rachadinha”
A VEJA Ana Cristina Valle negou participação em rachadinhas e disse que nunca chantageou o presidente. “Jamais faria uma coisa dessas. Ele foi meu marido, é pai do meu filho. Todas essas acusações são para atingir, destruir o presidente. Eu não sou nada. Tenho muitos inimigos. Isso é inveja, despeito, com certeza. Não sou mentora de rachadinha, de nada”, afirmou. Antes de encerrar a conversa com a reportagem, ela fez um último comentário: “Ele (Bolsonaro]) me chamava de sargentona, mas quem mandava no gabinete era ele. Quem assina as nomeações e exonerações é o deputado, é o parlamentar. Não faz sentido assinar sem ler porque todos eles são muito bem instruídos”.