O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, negou nesta terça-feira, em depoimento à Justiça Federal, ter qualquer conhecimento sobre uma possível pressão do ex-ministro Geddel Vieira Lima sobre o doleiro e lobista Lúcio Bolonha Funaro, durante as tratativas de Funaro com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para fechar um acordo de delação premiada. Padilha disse que Geddel sempre foi um homem “correto”.
“Conheço Geddel desde quando cheguei, em 1995, em Brasília. Fomos deputados até 2010. Sempre tive nele uma pessoa correta, alguém que cumpria com suas obrigações”, afirmou o ministro, via videoconferência, por Skype, com sinal entre o gabinete dele e a sala de audiência.
Eliseu Padilha foi arrolado como testemunha de defesa de Geddel no processo em que o emedebista baiano é acusado do crime de obstrução de Justiça no âmbito das operações Sépsis e Cui Bono?. A denúncia do Ministério Público Federal tem como base a suposta pressão exercida por Geddel sobre a mulher de Lúcio Funaro, Raquel Pitta, por meio de ligações telefônicas, para evitar que ele aderisse a um acordo de colaboração com a PGR.
Conforme o MPF, os telefonemas aconteceram para monitorar e constranger Raquel e aconteceram a partir de 1º de julho de 2016, quando Funaro foi preso. Para os investigadores, as ligações “declaradamente amigáveis” intimidavam indiretamente Lúcio Funaro, apontado como operador financeiro do grupo político do qual Geddel Vieira Lima faz parte, o MDB da Câmara.
Ao realizar essas ligações para tentar evitar a delação de Funaro, diz o MPF, Geddel atuou para embaraçar as investigações contra a organização criminosa alvo da Sépsis e Cui Bono? – a primeira apura corrupção na liberação de valores do Fi-FGTS e a segunda mira irregularidades na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa.
Em depoimento à Polícia Federal, Lúcio Funaro afirmou que as ligações provocaram um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação que pudesse sofrer, caso optasse, como, de fato, optou, por um acordo de delação.
Geddel Vieira Lima está detido no Presídio da Papuda, em Brasília, desde setembro de 2017. Ele foi preso depois que a Polícia Federal descobriu 51 milhões de reais em dinheiro vivo em um apartamento em Salvador, emprestado a Geddel e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA).