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Padrinho de casamento de Flávio tenta indicar secretário no governo do Rio

Marcelo Reis Magalhães, chefe da pasta Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania, articula nos bastidores de olho na gestão de Cláudio Castro

Por Cássio Bruno Atualizado em 18 set 2020, 17h50 - Publicado em 18 set 2020, 15h27

Em meio à dança das cadeiras no primeiro escalão do governo do Rio de Janeiro após o afastamento de Wilson Witzel (PSC), bolsonaristas querem emplacar aliados no Palácio Guanabara. Um dos casos envolve diretamente Marcelo Reis Magalhães, secretário Especial do Esporte, vinculado ao Ministério da Cidadania. Marcelo é padrinho de casamento do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). VEJA apurou, nos bastidores, que Marcelo tenta indicar um novo secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude na gestão do governador em exercício Cláudio Castro (PSC), que se aproximou do clã Bolsonaro.

A função atual de Marcelo Reis Magalhães no governo Jair Bolsonaro é supervisionar e coordenar a política nacional de desenvolvimento da prática esportiva. O Bolsa Atleta, a Lei de Incentivo ao Esporte, o programa Segundo Tempo, o Forças no Esporte, a gestão do legado olímpico e o controle de dopagem estão entre os projetos e atribuições mais conhecidos da pasta.

A costura de Marcelo Reis Magalhães na gestão Cláudio Castro está sendo feita em conjunto com o ex-deputado estadual André Lazaroni (MDB), ex-secretário estadual de Esporte no governo Sérgio Cabral, preso na Operação Lava Jato. Lazaroni é investigado pelo Ministério Público estadual por suspeita de corrupção junto com a Organização Social Lagos Rio num suposto desvio de dinheiro na saúde. Na última quarta-feira, Marcelo, Cláudio Castro e Flávio Bolsonaro visitaram um projeto, no Rio, que atende policiais militares vítimas de violência no exercício da profissão.

Leandro Alves, subsecretário de Legado Olímpico da prefeitura do Rio, é, por sua vez, um dos que articula para ficar com a Secretaria estadual de Esporte. O atual cargo dele faz parte da estrutura da Secretaria Especial de Turismo e Legado Olímpico do município, criada pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) para agradar os Bolsonaro e aliados do clã visando a campanha de reeleição. Leandro foi diretor da Secretaria de Meio Ambiente do Rio (2001-2002), subsecretário de Esportes e Eventos do estado (2013-2015) e diretor de promoção social da Fundação Leão XVIII, órgão do governo estadual.

Antes da Operação Catarata, o cotado para assumir a Secretaria estadual de Esporte era o deputado estadual Thiago Pampolha (PDT). O acordo foi combinado entre o próprio parlamentar, Cláudio Castro e a vereadora Rosa Fernandes (PSC). Ela é mãe de Pedro Fernandes, ex-secretário estadual de Educação, preso nesta ação do Ministério Público estadual e exonerado do cargo. Mas a negociação não prosperou. Caso a ida de Pampolha fosse concretizada, o suplente Sérgio Bernardino Duarte ficaria no lugar dele na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Aliado da família Fernandes, Sérgio foi denunciado na mesma operação junto com Pedro por corrupção na Fundação Leão XIII.

Hoje, a Secretaria estadual de Esporte do Rio é comandada por Felipe Bornier, filho do ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier. O pai dele foi flagrado em interceptação telefônica com Luiz Roberto Martins, preso na Operação Favorito e apontado como operador financeiro do empresário Mário Peixoto, também preso. Nas conversas, Martins e Nelson Bornier mencionam a revogação de uma resolução da Secretaria de Saúde e da Casa Civil que desqualificou o Instituto Unir Saúde para seguir no comando das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do estado. Felipe foi presidente estadual do PROS, único partido a apoiar Wilson Witzel no primeiro turno da eleição de 2018. O secretário está atualmente no PSC, partido chefiado pelo pastor Everaldo Pereira, preso na Operação Tris in Idem.

Nos últimos meses, antes mesmo de Witzel ser afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspeito de chefiar uma quadrilha que desviava dinheiro dos cofres públicos, Claudio Castro iniciou um processo de aproximação ao grupo político dos Bolsonaro. Participou, inclusive, de agendas públicas ao lado da família presidencial. VEJA revelou na sexta-feira, 11, que a aliança fez com que o clã influenciasse no governo do Rio, principalmente a partir de mudanças na cúpula da Secretaria de Polícia Civil. Em contrapartida, Castro conseguiu com o governo federal a prorrogação do Regime de Recuperação Fiscal, fundamental para evitar um colapso nas contas do estado.

Em nota, o secretário Marcelo Reis Magalhães afirmou que “não conhece o ex-deputado Lazaroni, nunca esteve com ele e não participa de nenhuma conversa sobre escolha de secretariado no governo estadual do Rio de Janeiro”. VEJA, no entanto, mantei a informação.

Troca-troca no Guanabara

O governador em exercício Cláudio Castro tem encontrado dificuldades para fazer nomeações. Na Saúde, por exemplo, epicentro dos atuais escândalos de corrupção, o deputado federal Doutor Luizinho (PP) recusou o comando da secretaria depois que Alex Bousquet pediu demissão. Na Educação, o ex-deputado estadual Comte Bittencourt (Cidadania) também não aceitou o convite de Castro.

Na pasta de Ciência e Tecnologia, saiu o empresário Leonardo Rodrigues. No entanto, ele manteve toda a sua estrutura política no secretaria. Foi substituído pela amiga Maria Isabel de Castro, ex-presidente do Centro de Educação Superior a Distância (Cecierj). Ele é citado no inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR) como suspeito de receber propina do empresário Mário Peixoto. Leonardo Rodrigues é suplente de Flávio Bolsonaro, mas está afastado do senador.

Na Secretaria da Polícia Civil, entrou Allan Turnowski, com aval de Flávio Bolsonaro e da bancada bolsonarista na Alerj. Na primeira passagem pela chefia de Polícia Civil durante o governo Cabral, Turnowski foi exonerado após uma crise provocada pela Operação Guilhotina, que prendeu policiais suspeitos de corrupção e ligação com bicheiros, milicianos e traficantes. Um dos presos foi o delegado Carlos Oliveira, braço-direito de Turnowski e subchefe operacional da corporação. Oliveira foi absolvido no processo. Turnowski chegou a ser indiciado por violação de sigilo funcional, acusado de ter vazado informações da operação. O Ministério Público estadual, porém, não o denunciou.

Para a Secretaria de Cidades, Cláudio Castro nomeou Uruan de Andrade, homem de confiança do governador em exercício e ex-presidente do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Retornou para o governo José Luis Zamith, ex-chefe da Casa Civil e, agora, secretário de Planejamento e Gestão. A escolha por Zamith não agradou a Alerj por ele ter feito parte do núcleo duro de Witzel.

Na Casa Civil, assumiu Nicola Miccione, ex-funcionário do Banco do Nordeste. Em breve, Cláudio Castro fará mais mudanças. O governador em exercício foi citado em delação premiada também de participação em um esquema de corrupção na Fundação Leão XIII. Castro nega.

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