Em uma campanha marcada por um inédito fundo eleitoral de 4,9 bilhões de reais e, simultaneamente, por críticas de políticos à falta de recursos para suas próprias candidaturas, dois antigos aliados – hoje em lados opostos – não têm do que reclamar. Candidatos à única vaga de senador pelo Paraná, Alvaro Dias (Podemos) e Sergio Moro (União Brasil) estouraram o teto de receitas permitidas para essas eleições e já receberam em doações mais do que os 4,447 milhões de reais permitidos pela Justiça Eleitoral.
Partiram de suas próprias legendas a maior parte da bolada. O Podemos, que já abrigou o ex-juiz Sergio Moro quando ele tentava colocar de pé sua candidatura à Presidência da República, repassou a Dias apenas 7.000 reais abaixo do limite fixado para o cargo nessas eleições. Doações privadas para o candidato, senador desde 1999 e que tenta renovar o mandato para mais oito anos, chegaram a 641.000 reais. Ao todo, Alvaro Dias declarou ter recebido 5,081 milhões de reais para a campanha a fim de cobrir despesas que, até o momento, chegam a 3,398 milhões de reais.
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Tecnicamente empatado com o parlamentar, embora numericamente em vantagem segundo levantamento do Paraná Pesquisas, Moro havia recebido a garantia do presidente do União Brasil, Luciano Bivar, de que a legenda disponibilizaria a ele os exatos 4,447 milhões de reais permitidos em lei. Se cumprida, a promessa livraria o ex-juiz da Lava-Jato de ter de passar o chapéu entre doadores privados. Até a sexta-feira 30, antevéspera das eleições, no entanto, o União havia formalizado 4,156 milhões de reais em repasses do fundo eleitoral para Moro. O pouco que faltava para o ex-juiz atingir o teto foi suprido principalmente pelo seu candidato a segundo suplente, o empresário Ricardo Guerra, que repassou 259.000 reais. No total, a estreia do ex-magistrado na política arrecadou 4,540 milhões de reais e registrou 3,271 milhões em despesas.
Por lei, cada centavo que exceder o teto tem de ser devolvido. Se as sobras forem do fundo partidário ou de doações privadas, os diretórios estaduais são os que receberão os valores. Se as doações extras tiverem como origem o fundo eleitoral, ao final da disputa o dinheiro tem de voltar para o caixa do Tesouro Nacional.