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Petistas traçam estratégia para manter pré-candidatura de Lula

Apesar da prisão do ex-presidente, direção do partido insistirá em medidas para afastar rumores de "plano B"

Por Da Redação Atualizado em 17 Maio 2018, 14h47 - Publicado em 14 Maio 2018, 11h55

A direção nacional do PT vai decidir nas próximas semanas sobre a adoção de uma agenda de medidas concretas para manter a pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, afastando assim a discussão sobre um “plano B” para as eleições de 2018.

Os dirigentes tentam dar ares de normalidade à candidatura do petista, que está preso desde o dia 7 de abril e condenado a doze anos e um mês em regime fechado. Como teve a sentença confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Lula é considerado inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa.

Desde a semana passada, quando o Supremo Tribunal Federal rejeitou mais um recurso da defesa de Lula e não pautou as ações que podem revisar a prisão após a segunda instância, “caiu a ficha” do PT sobre o fato de que a estratégia de mobilização popular para pressionar o Judiciário não funcionou — o povo não foi às ruas e Lula deve passar um longo período na cadeia.

Na semana passada, a corrente majoritária do partido Construindo um Novo Brasil (CNB), que preside o PT, decidiu insistir na candidatura de Lula até o fim, mesmo que isso leve o partido ao isolamento na eleição presidencial. O próprio ex-presidente, em carta, deu o recado: “Se aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime”. A ideia é transformar a campanha em um palco para a defesa de Lula. “Só estamos pedindo o direito de seguir apoiando nosso candidato”, disse na sexta-feira o ex-ministro Gilberto Carvalho.

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Lideranças da CNB vão levar para deliberação da executiva nacional propostas para a criação imediata de dois comitês físicos de pré-campanha em São Paulo e Brasília, agilizar o processo de apresentação das diretrizes do programa de governo, intensificar as conversas com o PR sobre a possibilidade de o empresário Josué Gomes da Silva ser o vice de Lula — o que passaria também pelo processo de convencer o filho do ex-vice-presidente José Alencar aceitar ser registrado — e a definição dos nomes autorizados a representar o ex-presidente em debates e entrevistas.

Por enquanto a única pessoa autorizada a falar em nome de Lula é a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). São cogitados também os nomes do ex-ministro Luiz Dulci; do presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann; o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad; e o ex-ministro Jaques Wagner. A lista será submetida à cúpula petista e ao próprio Lula nos próximos dias.

Na próxima reunião a executiva nacional do PT vai definir um calendário de lançamentos regionais da pré-campanha. Nesta semana, emissários de Lula vão falar com Josué sobre a possibilidade de ele aceitar ser vice de Lula. Ele trocou o MDB pelo PR depois de conversas com Lula e é cortejado por outros pré-candidatos.

O PT espera neutralizar também o debate interno sobre a indicação de um vice petista. O partido teme que isso traga de volta as especulações sobre o plano “B”. Segundo Carvalho, a carta de Lula à Gleisi na semana passada “enterra os fantasmas de plano B”.

Para o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues,a mobilização popular contra a prisão do petista tem ocorrido de forma alternativa, sem necessidade de greves e fechamento de rodovias. Segundo Rodrigues, o partido tem investido na mobilização de setores organizados, “como médicos, juristas e igrejas”. Em sua avaliação, a estratégia “tem sido um sucesso”.

João Paulo disse ainda que o partido não se preparou para o atual momento, pois sempre manteve o foco nas disputas eleitorais, campo em que ele considera que o PT se manteve ativo. O coordenador disse ainda que os movimentos sociais se acomodaram durante o governo do PT. “Existia uma lógica, não por maldade: o governo resolve e não queremos briga, vamos tentar a conciliação. Aquilo deixou uma marca de falta de mobilização, organização e estruturação dos movimentos muito grande”, opinou.

(com Estadão Conteúdo)

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