Perguntado pelo juiz sobre o valor da propina destinada a Pezão, quando era vice-governador, Miranda foi detalhando as quantias que, segundo ele, envolviam mesada fixa de 150 mil de reais, além de um 13º salário e mais quantias extras milionárias, pagas como bônus. Pezão foi vice de Cabral entre 2007 e 2014.
“Ele recebia 150 mil reais mensais, mais o 13º, e tinha o bônus. De 2007 a 2014. Dava uns 2 milhões de reais por ano [mais o bônus]. Na primeira vez o bônus foi 1,5 milhão de reais e, na segunda vez, se não me engano, foi 1 milhão de reais. Em 2008, teve o ano inteiro, mais o 13º, mais o bônus da High End [sistema de som em sua casa]”, disse Miranda, durante interrogatório sobre a Operação Boca de Lobo, desdobramento da Lava Jato, que levou Pezão à cadeia, em novembro de 2018.
Bretas calculou os montantes pagos e estimou entre 25 milhões e 30 milhões de reais o total pago a Pezão, enquanto vice-governador, o que foi confirmado pelo delator, que não soube dizer se, depois de assumir o governo do estado, em 2014, o esquema continuou.
Também foram interrogados por Bretas o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes Júnior, seu filho, Jonas Lopes Neto, os irmãos doleiros Marcelo e Renato Chebar, o empreiteiro Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, e o operador financeiro Álvaro Novis, da corretora de valores Hoya. Todos são réus colaboradores e disseram que mantinham relações principalmente com Cabral ou seus emissários, sem contato direto com Pezão.
A defesa do ex-governador Luiz Fernando Pezão não se pronunciou até a publicação desta matéria. Em ocasiões anteriores, quando perguntada, a defesa tem sustentado que o ex-governador não recebeu qualquer tipo de propina.