O marqueteiro Renato Pereira denunciou, em acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que a empreiteira Andrade Gutierrez utilizou duas das principais agência de publicidade brasileiras, Propeg e NBS, para repassar 5 milhões de reais à campanha do atual governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Os valores não foram declarados á Justiça Eleitoral. Os detalhes da delação constam da colaboração que está em fase de homologação no gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, segundo informa reportagem do jornal O Globo.
Pereira afirmou que o próprio governador o chamou, em setembro de 2014, a seu apartamento, em Laranjeiras, para informá-lo que tinha conversado com Sérgio Andrade, um dos donos da Andrade Gutierrez. Na ocasião, Pezão, ainda candidato, informou a ele que a empreiteira faria um repasse de 10 milhões de reais à campanha, valor que teria sido reduzido para 5 milhões de reais, segundo o relato.
Delação
Renato Pereira foi ouvido em audiência no gabinete do ministro Lewandowski no dia 4 de outubro e acusou, além de Pezão, o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (PMDB), o ex-candidato a prefeito e deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ) e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) de fazer caixa dois com pagamentos irregulares de dinheiro em suas respectivas campanhas políticas feitas entre os anos de 2010 e 2016.
Em seu relato, o marqueteiro descreve sua rotina com os candidatos do PMDB para os quais trabalhou nos últimos anos. Em todos os casos, ele e seus sócios recebiam malas ou sacolas de dinheiro pessoalmente, entregues por emissários dos políticos do partido ou repassados por representantes das empresas fornecedoras do governo estadual e municipal, entre elas as construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht, além de empresas de transporte de Jacob Barata.
Ainda segundo o jornal, o delator também contou como a agência Prol Serviços de Propaganda influenciou nos contratos de publicidade de governos no Rio nos últimos dez anos. De acordo com Pereira, o publicitário Maurício Cabral, irmão de Sérgio Cabral, também tinha participação nos resultados dos contratos intermediados pela Prol.
Pelos crimes confessados à PGR, Renato Pereira vai pagar uma multa de 1 milhão a 2 milhões de reais. Sua delação vinha sendo negociada desde o ano passado pela Procuradoria e foi uma das últimas autorizadas pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Apesar das recentes denúncias, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) arquivou investigações no âmbito da Operação Lava Jato que envolviam alguns governadores, incluindo o atual do estado do Rio, Pezão. Os arquivamentos foram solicitados pela PGR com a justificativa de não terem sido encontrados indícios concretos para dar prosseguimento às investigações.