O senador Davi Alcolumbre (União-AP) é candidato a comandar o Senado desde que deixou o posto, em 2021, impedido de tentar a reeleição. À época, ele costurou uma dobradinha com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se tornou uma espécie de presidente virtual e, cruzando governos, mantém ascendência sobre verbas, cargos e o ritmo de votação em plenário.
Agora, para concretizar seu o projeto de retornar à Presidência no ano que vem, Alcolumbre faz acenos para o PT e o PL e tenta formar um amplo leque de apoio. Ele já procurou Jair Bolsonaro em busca da bênção do ex-presidente e também passou a encampar uma série de pautas defendidas pela oposição. A principal delas é a agenda que altera regras relativas ao Supremo Tribunal Federal – em outubro, a Comissão de Constituição e Justiça, presidida pelo senador, aprovou a toque de caixa uma proposta que limita as decisões monocráticas e os pedidos de vista.
Nos próximos dias, em um novo capítulo da disputa, o Senado pode fazer avançar um projeto que endurece as regras para o porte de drogas, freando a pauta do STF, que também se debruça sobre a matéria, mas numa direção mais liberal. A oposição em peso é favorável ao projeto em tramitação no Senado, de autoria de Pacheco.
Ex-aliado de Bolsonaro, Alcolumbre foi peça-chave para garantir o apoio do União Brasil a Lula e, na largada, conseguiu emplacar dois dos três nomes da legenda na Esplanada dos Ministérios. Ele também tem se mostrado um fiel parceiro do governo. Diferentemente do que fez com Bolsonaro, a indicação dos dois nomes de Lula ao STF, Cristiano Zanin e Flávio Dino, foi avalizada por Alcolumbre na CCJ sem sobressaltos ou manobras para evitar desgastes.
Além disso, a pauta prioritária do governo, como a reforma tributária, contou com a articulação do senador, que espalhou que, se não fosse a sua atuação direta junto aos parlamentares, a tramitação deste e de outros projetos teria sofrido tropeços pelo caminho.
Candidato único
Surfando à esquerda e à direita, Alcolumbre tentará dissuadir a oposição de lançar candidatos garantindo que eles terão, em sua gestão, espaços privilegiados em comissões e na cúpula do Senado – nomes como os de Rogério Marinho (PL-RN) e de Teresa Cristina (PP-MS) estão cotados para disputar o pleito.
No ano passado, Marinho foi candidato e perdeu, o que deixou o seu partido sem espaço em postos relevantes, distribuídos a legendas que se aliaram a Pacheco, apoiado por Davi Alcolumbre.
Para o outro lado, Alcolumbre busca o aval do Planalto e promete continuar avalizando a agenda econômica de Lula sem criar dor de cabeça – um ativo e tanto durante o período que antecederá as eleições de 2026.
“Se o Davi quiser, com a oposição e o centro, ele derrota o governo e se elege. Mas isso é justamente o que o governo não quer, que é vê-lo eleito com o compromisso de agenda com a oposição”, afirma um dos aliados mais próximos do senador.