Pré-candidatos à Presidência se dividem sobre demissão de Parente
Alckmin, Maia, Rocha e Amoêdo elogiam legado do ex-presidente da Petrobras; Ciro, Boulos e Manuela criticam política de preços da estatal
Oito dos onze principais pré-candidatos à Presidência da República se manifestaram nesta sexta-feira, 1, sobre o pedido de demissão apresentado pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente. Quatro deles, todos de partidos de centro e centro-direita, elogiaram o legado da gestão por recuperar as finanças da estatal depois de um ciclo de forte intervencionismo governamental nos preços de combustíveis; outros três, de partidos de centro-esquerda e esquerda, criticaram a política de preços da estatal enquanto Parente esteve no comando da petrolífera.
Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin afirmou, por meio de sua conta no Twitter, que não se deve “desperdiçar” o trabalho de recuperação da estatal. Parente foi ministro da Casa Civil do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, entre 1999 e 2002. “Com a saída de Pedro Parente, o importante nesse momento é não desperdiçar o trabalho de recuperação da Petrobras. Precisamos definir uma política de preços de combustíveis que, preservando a empresa, proteja os consumidores”, afirmou.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo DEM, declarou a jornalistas que a saída de Parente do cargo é “muito ruim” e que a estatal “perde um quadro com grande qualidade técnica”. “Ele tinha muita credibilidade e estava fazendo um ótimo trabalho. A questão do preço dos combustíveis poderia ter uma saída sem nenhum tipo de intervenção”, declarou.
O empresário Flávio Rocha, que pretende disputar a Presidência pelo PRB, comparou, em seu perfil no Twitter, a gestão de Parente às de José Sérgio Gabrielli e Graça Foster, presidentes da Petrobras nos governos Lula e Dilma Rousseff. “Gabrielli e Graça Foster usaram a Petrobras para conter a inflação e quase quebraram a empresa. Sem falar na corrupção. Parente repassou o alto custo da ineficiência e gerou a revolta dos caminhoneiros. O problema não é a política de preços. É o monopólio”, tuitou o fundador da rede Riachuelo.
Pré-candidato pelo Partido Novo, que busca candidatos de fora dos quadros políticos tradicionais, João Amoêdo também utilizou a rede social para comentar a demissão de Parente. “Esse é o ambiente que temos hoje: a velha política afasta os bons profissionais”, escreveu.
O senador Alvaro Dias (PR), pré-candidato do Podemos ao Planalto, classificou Parente como “primeira vítima” da greve dos caminhoneiros no governo.
Já Marina Silva, da Rede, que só se manifestou no Twitter na noite desta sexta-feira, ressaltou que a gestão de Pedro Parente foi “bem avaliada pelo mercado”, mas afirmou que “faltou sensibilidade” ao ex-presidente da Petrobras ao estabelecer a política de preços dos combustíveis. “Você não pode ter uma ação dogmática contra e nem pró-mercado”, tuitou.
O principal alvo da ex-ministra, no entanto, foi o governo do presidente Michel Temer. “Sua saída reflete também os erros de um governo sem credibilidade que não teve capacidade de compreender a tempo a gravidade da situação. Tudo é feito de afogadilho, ao sabor de circunstâncias, sem planejamento, sem reflexão e principalmente sem legitimidade. A saída de Pedro Parente revela, assim, as dificuldades desse governo apresentar soluções efetivas e sólidas para a crise que vive o país”, escreveu Marina.
Críticas
Entre os pré-candidatos críticos a Parente, o ex-ministro Ciro Gomes, do PDT, defendeu que a política de preços da Petrobras seja alterada sem “demagogia”. “Não basta demitir o senhor Pedro Parente. É preciso exigir que a política de preços que ele impôs seja trocada. E ela não pode ser trocada por nada de demagogia”, afirmou, em vídeo publicado nas redes sociais.
“Hoje eles estão transferindo o preço do barril de petróleo, da especulação estrangeira, para dentro do Brasil, quando o custo da Petrobras é muitas vezes menor que o custo do petróleo lá fora”, criticou o pedetista.
Na mesma linha, o líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, do PSOL, publicou em sua conta no Twitter que Parente “já vai tarde” e atacou a política de preços estabelecida pelo agora ex-executivo da estatal. “A desastrosa política de preços da Petrobras e a privatização branca causaram um estrago que o povo brasileiro está sentindo no bolso. Parente já foi, agora falta o Temer!”, tuitou.
Também por meio da rede social, a deputada estadual do Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila, pré-candidata à Presidência pelo PCdoB, atribuiu a saída de Parente à “pressão popular”. “Agora é mudar este governo pra Petrobras voltar a estar a serviço do povo”, completou.
Os pré-candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Henrique Meirelles (MDB) não se manifestaram publicamente sobre a demissão de Parente até o momento.
(com Estadão Conteúdo)