Promotor investiga se Rocha Loures ‘furou a fila’ da tornozeleira
MP afirma que governo goiano preteriu detentos do Estado para ceder equipamento para o político; órgão responsável nega e diz ter aparelho em estoque
O Ministério Público de Goiás abriu um inquérito para investigar se o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi beneficiado ao receber a tornozeleira eletrônica no sábado e retornar para a sua casa em Brasília para cumprir prisão domiciliar. Na sexta-feira, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin determinou a soltura do ex-assessor de Temer, que foi filmado após receber mala com 500.000 reais de um executivo e delator da JBS.
Segundo o promotor Frenando Krebs, o ex-deputado estava sob responsabilidade do sistema prisional do Distrito Federal, mas recebeu de um servidor público o equipamento retirado do estoque do governo goiano, que sofre com a falta das tornozeleiras, existindo, inclusive, uma fila de espera para a obtenção dos aparelhos.
“A concessão do aparelho de monitoramento para beneficiar um preso de outra unidade da Federação não seria ilegal se o equipamento estivesse sobrando. Contudo, o Estado não tem estoque suficiente para suprir suas demandas, então, não haveria justificativa plausível para a concessão da tornozeleira a um preso que não faz parte do sistema penitenciário goiano e que não está na fila de espera para obter o aparelho”, afirma o promotor.
A Superintendência Executiva de Administração Penitenciária (Seap) de Goiás negou que o ex-deputado tenha sido privilegiado. “O equipamento estava disponível e foi cedido pelo Estado por solicitação do Depen [Departamento Penitenciário Nacional]”, afirma, em nota.
O órgão informou também que abriu um processo de licitação para a compra de outras 5.000 tornozeleiras para o Estado. “Sobre o equipamento emprestado ao Distrito Federal destinado ao monitoramento do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, a Seap ressalta que Goiás e DF trabalham em parceria em diversas circunstâncias e, sempre que é preciso, cooperam entre si.”