Após receber a cúpula do DEM, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) encontrou políticos do PSB na noite desta quarta-feira em uma estratégia para conseguir aliados à sua candidatura à Presidência em 2018. É que o PSB está sendo disputado entre o DEM, partido de Rodrigo Maia, e o PMDB de Michel Temer. O democrata e o peemedebista pretendem atrair parlamentares descontentes para fortalecer as bancadas no Congresso.
No encontro desta quarta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, o governador recebeu do PSB a informação de que o partido estaria “100% fechado” com a candidatura do vice-governador Márcio França ao governo paulista em 2018. A reunião aconteceu dois dias depois de os dirigentes do Democratas afirmarem ao tucano que planejam lançar o secretário de Habitação, Rodrigo Garcia, para a sucessão de Alckmin.
O presidente nacional do PSB , Carlos Siqueira, afirmou que em São Paulo e Minas Gerais é indispensável ter candidatos próprios. Alckmin se pronunciou sobre o movimento dos aliados em entrevista no Bandeirantes. “É legítimo que cada partido queira ter candidato próprio. Você pode ter aliança no primeiro turno, no segundo, em nível federal, em nível estadual”, explica.
Questionado sobre a possibilidade de uma aliança nacional com o PSB em 2018, Alckmin afirmou que “cada coisa tem seu tempo”, mas que “é sempre bom conversar”.
Indecisão
Os movimentos dos dois partidos, que são aliados históricos de Alckmin e integram seu secretariado, criam um impasse para o PSDB, que governa São Paulo há mais de duas décadas. Os tucanos não aceitam um nome de fora do partido para encabeçar a chapa.
Para barrar essa hipótese, o presidente do PSDB paulistano, Mário Covas Neto, pressiona o diretório estadual a antecipar para agosto a abertura das inscrições para os interessados em disputar prévias para 2018.
“Não há possibilidade nenhuma de o PSDB não ter candidato próprio. O partido tem nomes de sobra para apresentar na disputa”, disse o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista. O dirigente citou nomes: o suplente de senador José Aníbal, o senador José Serra, os prefeitos João Doria e Orlando Morando e o secretário da Saúde, David Uip. “Márcio França e Rodrigo Garcia são nossos amigos e aliados. Estaremos juntos no segundo turno”, afirmou Tobias.
A avaliação no PSB, que rompeu formalmente com o governo do presidente é que não há possibilidade de reedição na Câmara do bloco da “antiga oposição” formada por PSDB, DEM e PPS. Após apoiar o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, esse consórcio se aliou ao deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para elegê-lo presidente da Casa.
“Temos posições diferentes. O PSDB apoia as reformas e nós temos uma posição programática diferente. Em alguns temas pode ser que haja uma posição comum. Mas não vejo uma atuação em bloco”, disse Carlos Siqueira, do PSB.
O dirigente também reclamou do “assédio” do ex-aliado DEM aos deputados da legenda. Pelo menos dez deputados do PSB, entre eles a líder, Tereza Cristina (MS), negociam a mudança de sigla. “O Rodrigo Maia, que é um pretenso presidente da República, poderia estar mais preocupado em discutir com os partidos e a sociedade o enfrentamento da crise do que cooptar deputados”, disse o presidente nacional do PSB.
“Eles estão desgastando intencionalmente o PSB para criar um constrangimento. A líder encaminha na bancada posição contrária à do partido. É uma posição esquizofrênica. Isso é ridículo”, afirmou o deputado Julio Delgado (PSB-MG), crítico ao governo.