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PSDB planeja esconder Aécio na convenção do partido

Após denúncias da Lava Jato, o senador terá sua participação reduzida no evento que colocará Geraldo Alckmin no comando da legenda

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 4 jun 2024, 17h45 - Publicado em 1 dez 2017, 10h29

Com a imagem desgastada após as denúncias da Operação Lava Jato, o senador Aécio Neves (MG) terá participação reduzida na próxima convenção nacional do PSDB, marcada para 9 de dezembro. O mineiro, afastado da presidência do partido desde maio, nem sequer deve discursar no evento que alçará o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao comando nacional da legenda.

A intenção é evitar que a imagem desgastada do senador possa, de alguma forma, ser associada a de Alckmin, pré-candidato à Presidência da República. A transmissão do cargo, por exemplo, deve ficar a cargo de Alberto Goldman, presidente interino da legenda. Aliados de Alckmin querem evitar até mesmo que o senador mineiro seja fotografado ao lado do governador paulista.

“O Alckmin ficará muito feliz em ser o Goldman (que fará a transmissão do cargo). Mais do que isso não posso falar”, disse à reportagem o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), um dos principais aliados de Aécio.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (PSDB-SP), ligado a Alckmin, afirma que caberá ao próprio Goldman definir a participação de Aécio. “Isso não está combinado, precisa ver com o Goldman, ele que vai conduzir o partido na convenção”, disse. Segundo ele, a ideia é que apenas líderes de bancadas na Câmara e no Senado e governadores discursem na convenção.

Procurado via assessoria, Aécio ainda não respondeu.

Bastidores

O Palácio do Planalto atua nos bastidores para evitar que a convenção seja transformada em palco de ataque ao presidente Michel Temer (PMDB). Na tentativa de revestir o desembarque anunciado por Alckmin como uma separação amigável, o Planalto espera que dois dos três ministros do PSDB deixem os cargos nos próximos dias, antes do encontro tucano.

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A ideia é esvaziar o impacto político da convenção, que, dessa forma, não seria um marco do divórcio litigioso. Além disso, os governistas do PSDB lideram um movimento para que o partido feche questão sobre o apoio à Reforma da Previdência, obrigando os seus deputados a votarem a favor da proposta.

Dos três ministros do PSDB, apenas o titular das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, permanecerá no governo, na “cota pessoal” de Temer. O chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, deve ser substituído pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS) e Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, também vai entregar o cargo.

“O PSDB não indicou os ministros. Quem indicou foi o presidente. Então, esse não é um assunto que diga respeito à convenção do partido. O PSDB vai romper com o governo com qual objetivo? Para fazer o quê?”, perguntou Aloysio. “Minha preocupação é não haver a dispersão das forças que estão agrupadas em torno de um projeto reformista”, completou.

A “ala Jaburu” do PSDB, que frequenta a residência oficial de Temer, articula uma estratégia para que a convenção se concentre apenas na eleição de Alckmin como presidente do partido. “Colocar esse tema de rompimento agora na pauta é amesquinhar o PSDB”, disse o chanceler. Aloysio participou nesta quinta-feira do início de um encontro da Executiva da sigla, mas em seguida foi chamado ao Planalto por Temer.

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Ironia

Depois de o ministro da Casa CivilEliseu Padilha, afirmar que “o PSDB não está mais na base do governo”, o chanceler disse, em tom de ironia, que o colega provavelmente conheceu uma ata “nunca vista” da reunião dos tucanos. “Se o Padilha tiver ata de alguma reunião da qual eu não tenha participado, gostaria de saber. Talvez eu tenha cochilado.”

Temer vai conversar com Alckmin neste sábado, dia 2, em Limeira (SP), e espera acertar o roteiro da “saída negociada” do PSDB.

Na prática, os governistas tucanos fazem de tudo para que o partido não queime pontes com o Planalto e avaliam que Alckmin, pré-candidato à Presidência, só se viabilizará se tiver o apoio e o tempo de TV do PMDB na campanha. Temer está à procura de um concorrente para defender o seu legado em 2018 e quer reunir os aliados em uma frente de centro-direita.

Para Alberto Goldman, não há razão para que o partido aprove o desembarque oficial no dia 9. “Não coloquei na pauta da convenção esse debate.”

A expectativa entre os tucanos, porém, é de que Alckmin use o encontro para reafirmar sua posição pelo fim do casamento com o PMDB, desta vez como presidente da legenda. “A hora em que o Alckmin subir (no palanque) ele vai dar uma orientação sobre isso”, disse o deputado Bonifácio Andrada.

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No Planalto, as últimas declarações de Alckmin foram definidas como “um grave erro político”. O que mais contrariou Temer foi o fato de o governador ter dito que, se dependesse dele, o PSDB nem teria entrado na equipe.

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