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Quando era secretário no RS, Osmar Terra minimizou gravidade da H1N1

Titular da Saúde no estado em 2009 e hoje cotado para substituir o ministro Luiz Henrique Mandetta, ele errou na previsão de que o vírus seria menos letal

Por Mariana Zylberkan Atualizado em 16 abr 2020, 11h17 - Publicado em 16 abr 2020, 10h55

Em 2009, o Rio Grande do Sul foi o terceiro estado mais afetado pela disseminação do vírus influenza H1N1, com 1.715 casos notificados, ou 15,1 a cada 100.000 habitantes, e 204 mortes. Em primeiro lugar, ficou o Paraná com 89 casos a cada 100 mil habitantes, seguido por Santa Catarina (59 por 100 mil habitantes). Ao anunciar o primeiro caso confirmado da doença, em maio daquele ano, o então secretário estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, minimizou a gravidade da doença e disse que ela vinha causando menos mortes do que a gripe comum. “A mortalidade da gripe A (H1N1) está em menos de 2%, enquanto que a outra é de 3 a 4%”, disse, na época.

Ao fim de 2009, os números no estado mostraram que a taxa de mortalidade do H1N1 foi de 3% no Rio Grande do Sul e de 4% na média do país. Cerca de um mês depois dos registros dos primeiros casos, com quinze mortes confirmadas no país, sendo onze no Rio Grande do Sul, ele continuou com o discurso. “Não dá para parar o mundo, nenhum país parou. E mesmo a gente tomando medidas muito drásticas, a velocidade da disseminação do vírus não vai diminuir. Estamos dentro da média mundial, temos que garantir o atendimento a quem precisar”, afirmou o secretário após negar sugestão de prefeitos para decretar estado de emergência no Rio Grande do Sul.

Apesar da postura reticente diante da epidemia que infectou 53.979 e matou 2.098 em todo país naquele ano, Terra seguiu protocolos de emergência em saúde pública propostos pelo Ministério da Saúde, como a abertura de mais leitos de UTI e a criação de um comitê intersecretarial. Pressionado pela Secretaria Estadual de Educação, Terra decidiu, em agosto, adiar em duas semanas o início do segundo semestre letivo para 1,2 milhão de alunos das escolas públicas estaduais como uma forma de conter o avanço da doença, em contraposição ao que vem defendendo em relação ao coronavírus atualmente, quando se tornou um dos maiores opositores ao prolongamento da quarentena nos estados. “Evitar aglomerações dentro de escolas neste período em que a previsão indica como de muito frio pode diminuir temporariamente a velocidade de transmissão do vírus”, afirmou o então secretário da Saúde.

O mesmo afã que faz Terra cravar o fim da epidemia de coronavírus em até trinta dias esteve presente em suas declarações quando enfrentou a disseminação de influenza H1N1 no Rio Grande do Sul há mais de dez anos. No fim de agosto de 2009, três meses após o registro dos primeiros casos no estado, Terra garantiu a redução drástica do problema a partir de setembro. A previsão não se confirmou. O Rio Grande do Sul registrou 55 mortes por H1N1 ao longo do mês de setembro, ou 28% de todos os óbitos registrados desde o início da epidemia no estado. A doença só começou a perder a força por volta de outubro, um mês depois da previsão de Terra.

Osmar Terra é hoje um dos cotados para virar ministro da Saúde assim que se concretizar a demissão de Luiz Henrique Mandetta, embora seu nome tenha perdido força nos últimos dias. De qualquer forma, ele continua sendo um militante ativo nas redes sociais pelo fim da quarentena, que ele acha que não resolve, mesma posição defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, de quem se tornou conselheiro sobre o tema.

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