A escolha de candidatos a deputado federal pelas cúpulas partidárias nas eleições de outubro tem levado em conta um critério pouco conhecido do eleitor comum e que retrata o motivo pelo qual cada vez mais partidos buscam puxadores de voto para apresentar nas urnas: o retorno financeiro – milionário – que um político arrasa-quarteirão pode representar para sua legenda.
Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) feito a pedido de VEJA mostra que apenas quatro das principais apostas dos partidos para a Câmara – o atual senador José Serra (PSDB), a advogada Rosângela Moro (União Brasil), o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos (PSOL) e o deputado candidato à reeleição Eduardo Bolsonaro (PL) – podem render uma bolada de mais de 300 milhões de reais para os cofres partidários nos próximos quatro anos. As cifras levam em conta a projeção das próprias siglas de que esses candidatos terão mais de 1 milhão de votos em outubro.
Segundo o Diap, se as previsões se confirmarem e o quarteto bater a casa de 1 milhão de votos, cada um deles será responsável por injetar 29,85 milhões de reais de fundo partidário para suas agremiações, o que equivale a quase 120 milhões de reais nos quatro anos da legislatura. Em 2026, quando os partidos recebem o fundo eleitoral, destinado a financiar campanhas políticas, a mesma votação dos quatro geraria, de acordo com o Diap, mais 49 milhões de reais para as siglas. No total, uma bolada de 315,4 milhões de reais de fundo partidário e eleitoral.
Em 2018, as galinhas dos ovos de ouro dos partidos haviam sido os deputados federais mais votados do país, Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann, ambos na época no PSL. Juntos, eles conquistaram cerca de 2,9 milhões de votos, cifra maior que os votos que 24 partidos políticos obtiveram na disputa por vagas na Câmara, entre eles o PSOL, o PTB, o PCdoB e o Podemos. Como resultado das votações recordes, apenas os dois foram responsáveis por injetar pelo menos 110 milhões de reais em recursos do fundo partidário nos cofres do antigo PSL pelos quatro anos seguintes.