Quem é quem no bate-boca com Paulo Guedes na CCJ da Câmara
Ministro da Economia trocou farpas com deputados da oposição em comissão que vai analisar texto da reforma da Previdência
A sabatina de Paulo Guedes na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara dos Deputados, começou com um bate-boca entre o ministro da Economia e deputados da oposição. A análise do colegiado é o primeiro passo para a tramitação da reforma da Previdência.
O primeiro ponto que gerou insatisfação dos deputados foi o pouco tempo de fala: 5 minutos. Maria do Rosário (PT-RS), uma das primeiras a se manifestar, afirmou que o assunto tratado na CCJ era muito complexo e, portanto, não admitiria brevidades. A sequência de fala foi definida por ordem de inscrição e os deputados de oposição monopolizaram os primeiros questionamentos ao ministro.
Entre um pedido de questão de ordem e outro, o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR) – filho do delegado e também deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR) –, insistia, sem sucesso, em passar a palavra rapidamente para Paulo Guedes.
Enquanto citava a Previdência no Chile como exemplo, alguns parlamentares da oposição ironizaram a fala de Guedes. “Na Venezuela está melhor, não é?” rebateu o ministro.
Francischini voltou à cena na tentativa de acalmar os ânimos na sessão. Enquanto isso, deputados gritavam contra Guedes e exibiam pequenos cartazes com os dizeres “PEC da Morte” e “Reforma para banco lucrar”.
“Falem mais alto, não estou ouvindo”, provocou o ministro. Um dos mais exaltados era Henrique Fontana (PT-RS). “Vossa excelência que é o dono da verdade, não é?”, indagou Paulo Guedes. “Isso aqui não é briga de rua”, interferiu novamente Francischini.
Outro que criticou o ministro foi Reginaldo Lopes (PT-MG). Além de ironizar a intenção de Guedes de economizar 1 trilhão de reais com a reforma, alegando que o país precisa investir 1 trilhão de reais, o deputado, que está em seu quinto mandato, afirmou que o ministro da Economia é “mais perverso que Fernando Henrique Cardoso”. “Parece que só ele entende de Previdência”, “o último Gatorade [bebida isotônica] do deserto”, provocou.
Mas o que encerrou a sessão na CCJ foi uma discussão com o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que chamou o auxiliar do presidente Jair Bolsonaro de “tchutchuca”.
Zeca, filho do ex-ministro José Dirceu (PT), disse que o ministro era “tigrão” quando a reforma tratava de aposentados, idosos, agricultores e professores, mas “tchutchuca” quando tratava dos mais privilegiados do país, banqueiros e rentistas. O ministro se revoltou com a declaração. “Tchutchuca é a mãe, é a avó”, afirmou Guedes ao deputado.
A sessão virou uma confusão generalizada e foi encerrada. Deputados governistas tomaram as dores do ministro e bateram boca com Dirceu e outros parlamentares da oposição, que fustigaram o ministro durante a audiência de mais de seis horas. Houve ao menos três momentos em que houve tensão entre Guedes e parlamentares.
“Tchutchuca” e “tigrão” são referências à música “Tchutchuca”, que, lançada em 2001, alçou ao estrelato o grupo de funk carioca Bonde do Tigrão. Parte da letra diz “Vem, vem, tchutchuca / Vem aqui pro seu tigrão”.