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Remédios apreendidos na Papuda poderiam levar à morte de Geddel, diz laudo

Em abril, centenas de comprimidos foram encontrados na cela do ex-ministro, que se recusou a passar por uma perícia de urgência

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 8 jun 2018, 18h45 - Publicado em 8 jun 2018, 18h44

Os remédios apreendidos com o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) na cela em que ele está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, poderiam causar a morte do emedebista se ingeridos de uma só vez. A conclusão é de laudo do Instituto Médico Legal (IML) enviado à Justiça do Distrito Federal.

A juíza da Vera de Execuções Penais, Leila Cury, reproduziu trecho do documento em despacho publicado na terça-feira, 5, após solicitar uma apuração sobre centenas de medicamentos encontrados na cela do ex-ministro, sem que ele tivesse receita médica.

Geddel está preso desde que a Polícia Federal encontrou em um apartamento em Salvador caixas e malas de dinheiro vivo, somando 51 milhões de reais. A fortuna é atribuída a Geddel Vieira Lima e a seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima.

“O ilustre perito signatário do laudo e seu aditamento afirmou que ‘se todas essas substâncias forem ingeridas em sua totalidade (todos os comprimidos encontrados de todas as substâncias), poderia causar a morte do periciando'”, cita a juíza.

Os peritos informam que “alguns medicamentos possuem o mesmo princípio ativo, e, por isso, podem ser potencialmente perigosos se tomados em conjunto, a depender da posologia de cada um”.

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Outros transtornos potenciais levantados pelo laudo do IML são “hepatite tóxica medicamentosa, insuficiência hepática, insuficiência renal aguda, arritmia ventricular cardíaca (com potencial evolução para assistolia), síndrome de Stevensjohnson, síndrome convulsiva), hipersonia medicamentosa e insuficiência respiratória, entre outros”.

Em abril, centenas de comprimidos foram encontrados em posse de Geddel na Papuda. Ele se recusou a passar por um exame pericial de emergência, após ter sido visto com comportamento alterado por funcionários do setor de saúde do presídio. Os agentes penitenciários apreenderam centenas de comprimidos dos medicamentos antidepressivos, contra insônia, tranquilizantes, analgésicos e para tratamento gástrico, além de uma pomada.

A defesa de Geddel disse que os remédios foram repassados a ele pela equipe médica do Centro de Detenção Provisória (CDP) e que não procede que ele não possuísse autorização. “Os medicamentos são preceitos e dados pela penitenciária”, afirmou o advogado Gamil Foppel.

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Controle de remédios

Na terça-feira, 5, a juíza Leila Cury determinou que a direção do CDP controle o acúmulo excessivo de remédios prescritos a Geddel Vieira Lima, que está preso provisoriamente. Ela também afirma que o político pode ter necessidade de acompanhamento de psiquiatras.

“Embora Geddel não tenha sido submetido a exame psiquiátrico e, em razão disso, não tenha havido qualquer conclusão psicopatológica, resta inegável que a apreensão de diversos medicamentos e em quantidades que extrapolavam as respectivas ingestões diárias, requer cuidados, sobretudo quando uma das possibilidades resultantes de eventual de ingestão concomitante seria a morte”, anotou a magistrada.

Ela ainda comunicou ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre a conduta de um estagiário do escritório que atua na defesa do ex-ministro. Ele é apontado como responsável por orientar expressamente Geddel a não se submeter ao exame pericial e psicopatológico de emergência, quando o flagrante ocorreu, em abril. A juíza diz que ele agiu como alguém que “tenta impedir procedimento médico que visa salvar vidas, por motivos religiosos”.

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