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Retirar Coaf de Moro enfraquece governo Bolsonaro, diz Major Olimpio

Em entrevista a VEJA, líder do PSL no Senado afirmou que órgão impulsiona combate à corrupção, 'maior compromisso' do presidente com a população

Por André Siqueira Atualizado em 27 Maio 2019, 23h21 - Publicado em 27 Maio 2019, 21h25

Líder do PSL no Senado, o senador Major Olimpio (SP) afirmou estar otimista com a votação da medida provisória (MP) 870, que trata da reforma administrativa do governo Bolsonaro, no plenário da Casa, nesta terça-feira, 28. A sessão definirá, por exemplo, se o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) voltará para o Ministério da Economia, ou se permanecerá sob o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, de Sergio Moro.

Na avaliação de Olimpio, há tempo hábil para aprovar o texto antes que ele perca a validade, no dia 3 de junho. “É comum votarmos no Senado medidas provisórias que ficam até a última hora na Câmara”, disse a VEJA o senador. Ele ressaltou, ainda, que há a possibilidade de Bolsonaro “sinalizar” que vai vetar a alteração feita na Câmara, para que os senadores não discutam a medida nesta terça-feira. Olimpio afirmou, no entanto, que o presidente não adiantou qual decisão tomará sobre o tema.

Segundo o líder do PSL, há, no Senado, três requerimentos para votação do destaque que tenta reverter o parecer da Câmara. Além de Olimpio, defendem, no Senado, a permanência do Coaf  Alvaro Dias (Podemos-PR) e Telmário Mota (PROS-RR). No entanto, nesta segunda-feira, 27, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, reiterou o pedido de Bolsonaro para que o Senado não altere o texto.

Para Olimpio, o “presidente foi mal orientado pela assessoria dele, porque tirar o Coaf do Moro é tirar dele a principal ferramenta que vai impulsionar o projeto de governo, que é o combate à corrupção, o maior compromisso do Bolsonaro com a população”.

“A população, inclusive, está acompanhando essa discussão, está interessada no desfecho. O tema mais colocado nas manifestações deste domingo, indiscutivelmente, foi o pedido pela permanência do Coaf com Moro e o apoio ao ministro”, acrescentou.

O senador também afirmou que o governo tem, até o momento, trinta dos 41 votos necessários para alterar o texto aprovado pela Câmara. Ele ressaltou que vai liberar a bancada e que terá uma reunião com os senadores do PSL Juíza Selma Arruda (MT), Soraya Thronicke (MS) e Flávio Bolsonaro (RJ) na manhã desta terça-feira. “Não quero fazer nenhum prognóstico, para que não fique a impressão de que estou os induzindo”, disse. 

Articulação política

Para Major Olimpio, o presidente é “politicamente mal assessorado”, e isso se reflete nas “encrencas” com o Congresso Nacional. O senador poupou de críticas a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso, e o deputado Major Vitor Hugo, líder do governo na Câmara, porque, em sua avaliação, eles “repercutem as orientações políticas dadas pelo círculo político próximo ao presidente”.

O senador também afirmou que alguns ministros precisam “calçar as sandálias da humildade” e entender que “dialogar com parlamentar é atender ligação, marcar audiência, receber autoridades locais, não dar canseira”. Olimpio não disse quais ministros estariam deixando a desejar, mas afirmou que prefere “nomear os que são muito efetivos, como Paulo Guedes, Sergio Moro, Tarcísio [Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura] e o [Luiz Henrique] Mandetta [ministro da Saúde]”.

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Questionado pela reportagem sobre a atuação do ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, o líder do PSL no Senado se limitou a dizer: “Não o coloco nesta relação”.

O pesselista disse, ainda, que o governo falha na interlocução com o Legislativo. “Não posso falar por todo o Legislativo, mas que me isolam, me isolam. E sou líder do PSL”, afirmou. Ele negou, no entanto, que o partido esteja rachado. “É normal que haja divergências dentro de uma legenda, isso é benéfico para a democracia. Se formos avaliar, nas votações, tem havido um posicionamento uniforme.”

O parlamentar disse que vê com naturalidade a divergência de opiniões sobre os atos em apoio ao presidente, que ocorreram neste domingo, e citou a deputada estadual do PSL Janaína Paschoal. “Tenho enorme respeito e admiração por ela. Por mim, aliás, ela teria sido lançada como candidata ao governo do Estado de São Paulo. Não é porque ela pensa diferente de mim que a criticarei”, acrescentou.

Decreto de armas

O senador também comentou a polêmica sobre o decreto de armas assinado por Bolsonaro. “Não vejo inconstitucionalidade nenhuma”, afirmou. Na opinião do líder do partido, o texto não extrapolou as competências do Executivo, conforme nota técnica da Procuradoria-Geral da República (PGR).

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O decreto ampliou de 407 joules para 1620 joules o limite de energia cinética das armas. Para Olimpio, o que gerou questionamento foi o fato de a fabricante de armas Taurus ter afirmado que o fuzil T4 se enquadrasse neste perfil. “A potência da arma, por si só, não significa muita coisa. Se a pessoa não tem preparo, não pode ter acesso a arma nenhuma”, disse. Segundo Olimpio, faltou à primeira versão do decreto esclarecer “pontos sensíveis” sobre o assunto, como diferenças entre calibres de algumas armas. “Isso foi corrigido, e, que fique claro, fuzis de nenhuma natureza serão permitidos”, acrescentou.

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