Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Reunião presidencial mostra um ‘clube de aloprados’, diz ministro do STF

Avaliação foi feita por magistrado após ler a transcrição e assistir a trechos do encontro ministerial de 22 de abril

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 Maio 2020, 21h04 - Publicado em 22 Maio 2020, 20h42

“Um clube de aloprados com uma tremenda dificuldade de governar”. Essa foi a maneira que um dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) definiu a equipe de ministros e o presidente Jair Bolsonaro, após ler a transcrição da famosa reunião de 22 de abril, tornada parcialmente pública hoje pelo decano da corte, Celso de Mello.

“O que se vê é um contrato entre ignorantes. Um presidente sem conhecimento dos temas, que formou um ministério com outros ignorantes, com algumas poucas exceções, justiça seja feita. Veja o ministro da Educação (Abraham Weintraub): ele claramente ainda não conseguiu entender nem a pasta que toca, que é o segundo maior ministério, que administra uma montanha de dinheiro. Tudo o que se vê ali é reclamação, vitimização, como se estivessem sendo perseguidos, quando, na verdade, eles não conseguem fazer trabalhar por desconhecimento da administração pública e do tema que deveriam dominar. Não tem perigo de dar certo”, afirmou o ministro.

Durante a reunião, Weintraub proferiu ofensas ao STF: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”. De acordo com o ministro, a afirmação é grave, mas não o surpreende. “Já sabemos que esse é o modo que eles costumam tratar as pessoas”, disse.

Perguntado se o Supremo deve tomar alguma atitude em relação à fala de Weintraub, o ministro disse que é preciso perguntar ao procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, se há indícios de crime de injúria e difamação, mas acredita que Weintraub pode alegar que estava apenas fazendo um desabafo.

Continua após a publicidade

Um dos aspectos da reunião que mais chamaram a atenção do ministro do STF é a dificuldade de o atual governo lidar com a democracia constitucional. “É um grande obstáculo, eles não sabem conviver com as regras, não sabem o papel de cada instituição de Estado. Por isso, acham que o STF interfere no trabalho do Executivo. O problema é que esse presidente e seus ministros apresentam propostas inconstitucionais. Não querem respeitar, por exemplo, as atribuições de estados e municípios, como tentaram fazer na questão da quarentena, e, aí, não tem jeito, o STF é acionado. Nós estamos aqui para isso: para avaliar se a Constituição está sendo cumprida. Não é o STF que quer atrapalhar o Executivo. É o Executivo que tem de propor medidas dentro do que a Carta estabelece”.

O ministro usou como exemplo da falta de conhecimento da Justiça a nota divulgada hoje pelo ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O general afirmou que a eventual apreensão do celular do presidente Bolsonaro, pedida pelos partidos de oposição, seria uma “afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e interferência inadmissível de outro Poder”, o que “poderá ter consequências imprevisíveis”. A reação de Heleno ocorreu depois que o ministro Celso de Mello enviou o pedido à PGR.

Continua após a publicidade

Segundo o ministro do STF, o general Heleno ou não sabe ou fingiu não saber que o ministro Celso de Mello apenas cumpriu um ato de ofício. “Ele é o julgador e só se manifesta se é provocado! Nesse caso, recebeu um pedido dos deputados e repassou ao PGR perguntando: ‘você que é responsável pelo inquérito, responda se esse pedido é pertinente à investigação’. O ministro do GSI deveria saber disso”, afirmou.

O ministro, no entanto, disse que não viu na reunião novos elementos que reforcem a tentativa de interferência do presidente da República no órgão, além do que o ex-ministro Sergio Moro já havia afirmado na entrevista coletiva em que anunciou a saída do governo.

Continua após a publicidade

Por fim, o ministro do STF afirmou que é “espantoso” o nível de subserviência que alguns membros da equipe tentam demonstrar a Bolsonaro. “Parece um torneio para ver quem consegue ser mais subserviente. Eles tentam reproduzir o que o presidente gosta de ouvir. Até o Paulo Guedes (ministro da Economia), que eu imagino que seja intelectualmente mais sofisticado, parece se rebaixar para parecer que faz parte do grupo”, concluiu.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.