Rio associa Bolsonaro a combate à corrupção e Lula a emprego e renda
Pesquisa com eleitores do 3º maior colégio do país constatou a percepção dos moradores do Estado em relação aos dois principais concorrentes ao Planalto
Berço do bolsonarismo, o Estado do Rio de Janeiro é o terceiro maior colégio eleitoral do País – atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais –, reunindo um universo de cerca de 12,5 milhões de eleitores. A maioria dos eleitores fluminenses é composta por mulheres (54%) e pessoas solteiras (62,8%). Com tanto voto em jogo, o Rio ocupa um posto-chave no tabuleiro político nacional e tem refletido o clima de forte polarização que tem marcado a corrida ao Palácio do Planalto até aqui. Uma pesquisa que tem circulado entre parlamentares do Rio, obtida por VEJA, lança luz sobre as percepções dos moradores do Estado em relação ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula, além de escancarar os diferentes valores associados a cada um deles.
A pesquisa de opinião, realizada pelo Instituto Guimarães, ouviu um total de 1.200 pessoas, que foram indagadas sobre quais os valores estão mais próximos de Lula e Bolsonaro. O atual ocupante do Palácio do Planalto é mais associado a “combate à corrupção” (43% contra 20% para Lula), “ordem” (45% ante 22% de Lula) e “família” (40% a 27%), três temas que devem ser explorados à exaustão pela campanha do ex-capitão. O mandatário e o petista aparecem empatados quando se trata de “liderança” (ambos aparecem com 37%) e seriedade (30%). A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais.
Por outro lado, Lula aparece com larga vantagem sobre Bolsonaro quando o assunto é “redução da desigualdade” (50% do petista ante 25% do presidente), “crescimento econômico” (44% ante 28%) e “emprego e renda” (42% contra 27%), o que se alinha à estratégia petista de focar a campanha no discurso do combate à fome. Lula também é mais associado à “proteção do meio ambiente” que Bolsonaro — 41% contra 24% –, “tolerância” — 49% a 25% — e “ajuda ao próximo” — 44% ante 28%.
“Bolsonaro é associado ao combate à corrupção porque ele foi eleito em 2018 em uma onda antipetista e lavajatista. De alguma maneira, conseguiu captar o sentimento de pessoas que acreditam que a corrupção em infraestrutura, como o PT, MDB e tantos partidos faziam com Odebrecht e outras empreiteiras é mais grave do que a corrupção no gabinete parlamentar, como é o caso das rachadinhas da família Bolsonaro”, analisa o cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getulio Vargas.
“Existe uma boa vontade com a corrupção estilo rachadinha e uma má vontade com a corrupção estilo infraestrutura, estádios da Copa. E o inverso acontece com o eleitor do Lula, que acha grave o crime de corrupção do inimigo político. O ex-presidente teve a sorte de governar o Brasil numa época de alto crescimento econômico mundial. Então, até 2007 pelo menos ele conseguiu tomar boas medidas pro País e depois disso a coisa desandou com a Dilma, mas a memória que fica é a do Lula do Bolsa Família, da expansão das universidades”, acrescenta. Na guerra de narrativas pelo voto do eleitor, não faltam pontos fracos para serem explorados pelos dois lados.