O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo do presidente Michel Temer (PMDB) no Senado. A denúncia foi feita em um inquérito da Operação Zelotes, que investigava se Jucá e outros dois parlamentares beneficiaram o Grupo Gerdau por meio de uma medida provisória em troca de doações eleitorais.
O inquérito é relatado no STF pelo ministro Ricardo Lewandowski, que deve levar a denúncia à Segunda Turma do Supremo, à qual caberá decidir se aceita ou não a acusação e torna Romero Jucá réu. Além do peemedebista, são investigados no mesmo inquérito os deputados federais Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE). Não há detalhe sobre a acusação feita pela PGR, em razão do segredo de Justiça.
A Zelotes detectou indícios de que o senador alterou o texto da MP 627, de 2013, para beneficiar a siderúrgica. Jucá era o relator do texto, que mudava as regras de tributação dos lucros de empresas no exterior. Os deputados apresentaram emendas que beneficiaram o grupo, segundo os investigadores.
E-mails apreendidos pelos investigadores da sede da Gerdau mostraram que a alteração feita na MP foi sugerida pela própria empresa. Os três congressistas e a siderúrgica negam irregularidades.
Além desse inquérito, Romero Jucá é alvo de outra investigação da Zelotes no STF e responde a outros oito inquéritos da Operação Lava Jato no Supremo.
O advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Jucá, diz que ainda não teve acesso à denúncia, mas que está “tecnicamente muito tranquilo”. “Acompanhei todo esse inquérito e não tinha nenhum indício que justificasse uma denúncia. Para mim é uma surpresa, esperávamos que houvesse arquivamento. Quero crer que isso faz parte da estratégia anunciada por Janot, de que iria usar todas as flechas enquanto houvesse bambu”, afirma o defensor.
(com Estadão Conteúdo)