Sem citar Alvim, embaixada da Alemanha repudia ‘banalização’ do nazismo
Representação diplomática no Brasil se posiciona contra tentativas de 'glorificar a era do nacional-socialismo'
A embaixada da Alemanha no Brasil publicou uma nota crítica ao secretário de Cultura, Roberto Alvim, que parafraseou um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, em um vídeo publicado no Twitter. Sem mencionar Alvim, a representação diplomática publicou, na mesma rede social, que o período do nacional-socialismo, como é conhecido o nazismo, “é o capítulo mais sombrio da história alemã” que “trouxe sofrimento infinito à humanidade”. “Opomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo.”
Postado no perfil do Twitter da Secretaria de Cultura, o vídeo de Alvim causou indignação nas redes sociais tanto pelo discurso quanto pela estética, semelhante à de pronunciamentos de Goebbels. A trilha sonora da peça é do compositor favorito de Hitler, o alemão Richard Wagner – a ópera usada no discurso é citada no livro Mein Kampf (Minha Luta) pelo nazista.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”, disse o secretário de Cultura.
Ele parafraseou uma fala de Goebbels registrada no livro Joseph Goebbels: Uma biografia, do historiador alemão Peter Longerich: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”. A declaração foi feita em 1933 por meio de uma carta em que o nazista sugeria “novas direções” ao teatro.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou, em nota, o discurso do secretário da Cultura. “A Conib considera inaceitável o uso de discurso nazista pelo secretário da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim”, informou, nesta manhã. “Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente”, acrescentou a entidade.
Fontes ligadas ao Palácio do Planalto e congressistas próximos ao governo ouvidos por VEJA confirmaram que Alvim será exonerado ainda nesta sexta-feira, 17.