O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou nesta quarta-feira que as acusações de corrupção que recaem sobre ele precisam ser apuradas, mas que não tem preocupação com isso. Denunciado duas vezes pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de justiça, o peemedebista se tornou o primeiro a ser processado no exercício da Presidência da República.
A declaração foi dada em evento na sede da agência de notícias Reuters, em Nova York. Segundo o presidente, a corrupção está sendo combatida no Brasil e as instituições estão funcionando normalmente, tanto que, quando há acusações, elas são apuradas. “Até no meu caso”, afirmou.
Apesar da afirmação, a defesa de Temer entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Corte suspenda a tramitação da segunda denúncia contra ele até que a mesma Corte decida se as delações da JBS, base da acusação, ainda são válidas depois do surgimento da suspeita de que os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud omitiram informações no acordo de colaboração premiada firmado com o Ministério Público Federal.
O pedido foi rejeitado em julgamento do STF nesta quarta-feira, que, com o voto de seis ministros, já formou maioria para aprovar o envio da denúncia à Câmara dos Deputados, que precisa, com o apoio de 2/3 dos deputados, autorizar a Corte a examinar a abertura do processo judicial contra o presidente.
Votaram contra o pedido de Temer os ministros Edson Fachin, relator do processo, Alexandre de Moraes, Luis Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski. Já o ministro Dias Toffoli defendeu que Fachin, como relator, pode analisar a denúncia liminarmente antes de decidir pelo envio à Câmara. Gilmar Mendes criticou a acusação e votou pela devolução da denúncia à Procuradoria-Geral da República. A ministra Cármen Lúcia suspendeu a sessão, que deve ser retomada nesta quinta-feira.
Acompanhe o julgamento no STF:
Temer também afirmou que o PMDB deverá ter candidato a sua sucessão na eleição de 2018 e aproveitou para criticar a oposição, dizendo que o papel dela deveria ser o de fiscalizar o Executivo, mas que, no Brasil, tem uma concepção de que, se “não está no governo, tem que destruir o governo”.
Leia aqui e aqui a denúncia de Janot contra Temer.
(Com Reuters)