O presidente Michel Temer recebeu na tarde deste sábado no Palácio do Jaburu o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS incumbida de investigar as delações da JBS, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. O encontro não constava da agenda oficial do presidente e ocorre um dia depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir a prisão dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud e do ex-procurador Marcelo Miller.
Na última terça-feira, o senador tucano apresentou sete requerimentos para convocar autoridades a prestar esclarecimentos sobre, entre outras coisas, o acordo de delação premiada firmado entre o empresário Joesley Batista e o Ministério Público Federal, que embasou a denúncia por corrupção passiva contra o presidente — a primeira na história do país. Na próxima terça, os membros da CPMI devem se reunir para escolher o relator do caso — o nome mais cotado até agora é o do deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado de primeiro hora de Temer.
Desde que foi citado na delação da JBS, junto com outros 2.000 políticos, Temer lançou uma ofensiva para anular o acordo de colaboração dos executivos, o que incluiu a criação da CPMI. No entanto, nos últimos dias, a delação passou a ser questionada por causa dos novos áudios entregues pelos delatores. Neles, Joesley e Saud dão a entender que Marcelo Miller, que na época ainda não havia sido desligado definitivamente da procuradoria, estaria “afinado” com eles para conseguir o acordo. Além disso, há suspeitas de que os delatores omitiram informações em seus depoimentos, o que, se for confirmado, pode culminar com a rescisão da colaboração. Apesar de defender a revogação de parte dos benefícios, Janot afirma que as provas fornecidas pelos delatores continuam válidas e podem ser usadas nos processos.
Antes de se encontrar com Oliveira, Temer se reuniu com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE); o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI); os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Torquato Jardim (Justiça), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Moreira Franco (Secretaria-geral) e Hélder Barbalho (Integração nacional).
A agenda oficial do presidente não previa nesta sábado “compromissos oficiais”.