O relator da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), questionou nesta terça-feira a recente troca de membros no colegiado. Embora o regimento interno da Câmara permita a troca de deputados pelos líderes partidários, Zveiter disse entender que, no momento em que o processo começa tramitar, não é possível mais mudar a composição do colegiado.
A base aliada a Temer aposta que derrubará o relatório de Zveiter com as alterações promovidas na CCJ. Os governistas trabalham para conseguir 39 ou 40 votos contra a denúncia – no total, são 66 deputados. E, se forem detectados potenciais votos contrários, as trocas continuarão.
“Imaginem se, em qualquer tribunal, iniciado o andamento do processo, possa ser feita a troca dos integrantes da Câmara ou da turma julgadora, deliberadamente sabendo qual é o voto que eles vão proferir. Então, no meu entendimento, em princípio, essa troca não poderia ser feita”, afirmou.
Parlamentares do PMDB apresentaram nesta terça um voto em separado pela inadmissibilidade da denúncia. Na segunda, Zveiter leu um parecer favorável ao acolhimento da denúncia. O deputado afirmou ter votado de acordo com sua consciência.
“Estou absolutamente tranquilo de que fiz o melhor que podia”, disse Zveiter, que rejeitou a possibilidade de ficar isolado na Câmara. “Ninguém pode me isolar.”
Durante a sessão desta manhã na CCJ, deputados peemedebistas cobraram a saída de Zveiter do partido. “Entendo que ele não tem condições de ficar no partido”, disse o vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS). “Estou no PMDB, continuo no PMDB e pretendo permanecer no PMDB”, rebateu Zveiter.
O presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse que não há motivos para o partido cogitar a expulsão de Zveiter. “Acho que seria um absurdo pensar na hipótese de expulsão de um parlamentar que tenha expressado o que é o seu entendimento como deputado”, declarou.
(Com Estadão Conteúdo)