Não faz muito tempo, apesar do frenesi de investidores, o bitcoin e outras moedas virtuais eram vistos com ceticismo e desdém pelos grandes bancos americanos de investimento. O presidente do J.P. Morgan, Jamie Dimon, chegou a classificar o bitcoin de “uma fraude”. Passados alguns meses, ele se disse arrependido da declaração. Depois, foi a vez de o Goldman Sachs revelar que planeja operar contratos futuros da moeda virtual. Mas agora o tom mudou para valer. Wall Street, o centro nervoso do mercado financeiro mundial, está prestes a abraçar as criptomoedas: a Bolsa de Nova York prepara uma plataforma de negociação do bitcoin, segundo noticiou o jornal The New York Times.
A adoção do bitcoin pelos grandes bancos e pela bolsa vai representar um impulso extraordinário para a sua negociação, hoje concentrada em corretoras especializadas na moeda. Também deve inspirar confiança a muitos investidores que hoje não se arriscam a pôr seus recursos nesse ativo. No fim do ano passado, a cotação de um bitcoin se aproximou de 20 000 dólares, mas caiu para menos da metade desde então. A forte oscilação e a ausência de garantias são dois dos principais riscos de quem investe em moedas virtuais. Com a adesão de Wall Street, as autoridades americanas estarão diante de duas alternativas: ou deixam o mercado se autorregular ou impõem medidas capazes de limitar a especulação com a moeda.
Publicado em VEJA de 16 de maio de 2018, edição nº 2582