Como recebeu a notícia de que vai assumir o lugar do vocalista Freddie Mercury (que morreu, de aids, em 1991) na banda cover oficial do Queen? Saber que os integrantes do Queen reconhecem meu trabalho é uma sensação inexplicável. Virei cantor por causa do Freddie. Lembro como se fosse hoje do show do Queen a que assisti no Rock in Rio, em 1985, com 8 anos. Eu me apaixonei pela banda e pela figura mítica de Freddie. O primeiro disco que tive deles, eu roubei da minha mãe. Foi o Greatest Hits, que vou cantar nessa turnê.
Essa fixação mudou sua vida? Sou viciado no Queen. Comprei todos os discos, camisetas e bonecos da banda. Eles estão num altar na minha casa. Sou um tietão mesmo. Eu bebo na fonte do Freddie: aprendi a tocar piano depois de vê-lo tocar e fiz anos de canto lírico por causa dele. Freddie é o catalisador de tudo o que acontece na minha vida.
Como surgiu o convite para cantar na banda? Roger Taylor e Brian May (baterista e guitarrista do Queen) já me conheciam desde a época em que fiz o musical We Will Rock You, com canções da banda, em São Paulo. Foram eles que me escolheram, aliás, para ser o protagonista. Um tempo depois, eu e minha esposa estávamos em lua de mel em Londres e encontramos os dois em um show do grupo. Foi quando eles falaram sobre esse projeto de covers do Queen. Duas semanas atrás, no aniversário de namoro com minha esposa, eles me mandaram um e-mail comunicando que eu havia sido o escolhido. Não consegui conter as lágrimas. Agora, faço parte da família Queen.
Que tal ser dessa família? Estamos construindo uma relação. Roger falou coisas bonitas sobre mim no site. Eles me receberam muito bem em Londres. São uns doces, pessoas muito humanas. Parece um conto de fadas. Sabe a história da Cinderela? Pois é, eu me sinto nela. Ainda não caiu a ficha.
Sente o peso da responsabilidade? Eu me sinto como um jogador da seleção brasileira. É uma carga enorme nas costas, mas me vejo preparado para aproximar do Brasil os fãs do mundo todo. Sempre serei brasileiro, onde quer que esteja. Essa bandeira é tão forte quanto o Queen na minha vida.
Publicado em VEJA de 7 de março de 2018, edição nº 2572