Não se brinca com o zelo de uma mãe pelo filho. A mineira Celeste Arantes do Nascimento sabia que Edson era bom de bola, o melhor entre os meninos de 10 anos — um pouquinho mais, um pouquinho menos — das ruas Sete de Setembro e Rubens Arruda, em Bauru, no interior de São Paulo. O.k., ele podia apenas pensar em chutar qualquer coisa que girasse, de couro, meia ou papel, mas desde que não faltasse na escola. O próprio Pelé recordou, em sua autobiografia, o momento em que o passatempo virou obsessão: “Dona Celeste percebeu isso depressa, claro, e, vigilante como sempre, procurou se certificar de que eu dedicava pelo menos algum tempo aos estudos. Provavelmente devido à experiência com o meu pai, o futebol para ela representava pura perda de tempo, algo que afastava o homem do convívio com a família e não ajudava a pôr comida na mesa”. Para a sorte da humanidade, Celeste deixou o menino crescer no que gostava — e, para a sorte de Pelé, havia o porto seguro, a pessoa que nunca o deixou voar para longe demais da realidade, mesmo sendo quem foi. Em 3 de janeiro do ano passado, o féretro do rei passou em frente à casa de Celeste, no Canal 6, de Santos. Aos 100 anos, apesar de forte clinicamente, parecia não entender que a cidade homenageava o rebento famoso. Celeste morreu em 21 de junho, aos 101 anos.
Tragédia no Havaí
Era improvável, mas aconteceu. O experiente surfista havaiano Tamayo Perry foi atacado por um tubarão na Ilha de Oahu e não sobreviveu aos ferimentos. Apesar dos alertas da guarda-costeira, sugerindo que se evitasse a água, ele foi em frente. Perry — muito respeitado entre os atletas da WSL, a liga mundial do esporte, ficou conhecido também por participações em filmes como Piratas do Caribe e As Panteras Detonando. Desde 2016 trabalhava como socorrista para a Agência de Segurança Oceânica de Honolulu. Kelly Slater, onze vezes campeão mundial de surfe, lamentou em publicação numa rede social: “Obrigado pelo seu serviço como salva-vidas do North Shore, pelo desempenho no Pipeline por décadas e por ter ajudado muitas crianças em caminhadas pela costa leste do Havaí”. Perry morreu em 23 de junho, aos 49 anos.
A tecnologia como brinquedo
Há objetos que ajudam a contar a história do cinema, como o trenó de Cidadão Kane e o chicote de Indiana Jones — ou então o piano de chão da loja de brinquedos FAO Schwarz de Quero Ser Grande, ali onde o personagem de Tom Hanks dançou como Fred Astaire em cena inesquecível. A charmosa invenção foi uma criação do engenheiro, escultor e designer italiano radicado nos Estados Unidos Remo Saraceni. “A tecnologia é que deve responder aos seres humanos, e não nós a ela”, ele dizia. Nos últimos anos, Saraceni tinha aberto um processo contra a FAO, acerca dos direitos do teclado, vendido como pão quente. Ele morreu em 3 de junho, aos 89 anos, mas a informação só foi divulgada na semana passada.
Publicado em VEJA de 28 de junho de 2024, edição nº 2899