Datas: Fumihiko Maki, Anouk Aimée e Jacqueline Laurence
As despedidas que marcaram a semana
O arquiteto japonês Fumihiko Maki venceu o prestigiado Prêmio Pritzker, o mais reputado de sua área de atuação, em 1993 — foi a consagração de um estilo inaugurado nos anos 1960 e batizado de “metabolismo”, no qual os edifícios são pensados como organismos vivos, de estruturas aptas a se integrar com a natureza e o ambiente urbano, de modo harmonioso.
Uma das mais conhecidas obras de Maki nesse caminho é uma das torres de escritórios que integram o novo complexo do World Trade Center, em Nova York, reconstruído depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Maki tinha mais de 80 anos quando começou o projeto. Inaugurado em 2013, doze anos após os ataques terroristas, o edifício 4 World Trade Center tem 72 andares sustentáveis ambientalmente — 56 deles de escritórios — e teve como primeiros inquilinos a Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey, proprietária e administradora da área, e o departamento de Recursos Humanos da prefeitura de Nova York. As fachadas de vidro, em dias de sol, parecem se misturar ao horizonte de céu e nuvens. Ele morreu em 6 de junho, aos 95 anos, em Tóquio.
Uma mulher
A atriz francesa Anouk Aimée, nascida Françoise Judith Sorya Dreyfus, adotou o nome artístico do personagem de seu primeiro filme, quando tinha apenas 14 anos — a Anouk de La Maison sous la Mer, de 1947. Pelas mãos de Federico Fellini, ganhou alguma notoriedade em A Doce Vida, de 1960, e Oito e Meio, de 1963, mas foi ofuscada pelas luzes de Anita Ekberg e Claudia Cardinale. Em 1966, contudo, charmosa como ela só, ganhou fama mundial em Um Homem, Uma Mulher, de Claude Lelouch, obra-prima romântica pelas ruas de Paris, aquele filme de uma das mais adesivas canções do cinema — e atire a primeira pedra quem nunca cantarolou o “Da-ba-da-ba-da, da-ba-da-ba-da”, de Francis Lai. Anouk morreu em 18 de junho, aos 92 anos, em Paris.
A elegância do humor
A postura altiva, o olhar irônico, de sobrancelhas arqueadas, e o sotaque sutil fizeram da atriz Jacqueline Laurence, nascida na França, a intérprete ideal para os papéis de damas da sociedade, quase sempre ricas ou amigas de personagens bem de vida. Em Dancin’Days, de 1978 e 1979, novela escrita por Gilberto Braga, ela foi Solange, a dona de um antiquário responsável por levar Júlia (Sonia Braga), ex-presidiária, para um banho de loja na Europa. Inteligente e atuante, nos anos 1980 ela fez parte — como atriz e diretora — do Teatro Besteirol, movimento que revelou nomes como Pedro Cardoso e Miguel Falabella. Jacqueline morreu em 17 de junho, aos 91 anos, de problemas cardíacos.
Publicado em VEJA de 21 de junho de 2024, edição nº 2898