Um relatório da FAB divulgado neste mês conclui que não houve pane nem sabotagem no avião em que morreram cinco pessoas, incluindo seu pai, Carlos Alberto Filgueiras, e o ministro Teori Zavascki. Foi um alívio? Para mim, não. Acompanhei as investigações e nunca tive dúvida de que o acidente foi uma consequência de erros do piloto. Nunca me abati com as teorias conspiratórias que surgiram.
Como foi o momento em que o senhor recebeu a notícia do acidente? Quando houve a confirmação, o hangar telefonou para a secretária do meu pai, e ela me ligou imediatamente. Fui para Paraty. Foi um momento de tanta intensidade que eu não tive tempo de pensar nem de me emocionar. Sou o terceiro filho, e era o único que estava no Brasil. Só foi cair a ficha de que perdera meu pai dias depois.
O que o senhor aprendeu com seu pai? Ele foi um visionário. Lançou um hotel com roupa de cama de algodão egípcio. Diziam: “Pô, algodão egípcio é muito caro. Quero ver ele repor esse investimento em um ano”. Esse mercado sempre tem demanda, porque as pessoas gostam de conforto e reconhecimento.
Seu apreço pelo vinho veio de seu pai? Meu pai gostava de bons vinhos, mas nunca se dedicou a entender do assunto. Minha paixão coincidiu com o período em que o Ed Motta veio fazer uma carta de vinhos para a gente, lá por 2006. Ele tem uma memória impressionante e um nariz apurado. Participei de várias degustações com o Ed Motta, que até morou no hotel por um tempo. Depois, visitei todas as regiões vinícolas da França e da Itália. É aí que você começa a dar nome aos bois e conhecer os produtores.
O Emiliano abriu um hotel no Rio de Janeiro em 2016. Há diferenças entre administrar um hotel no Rio e em São Paulo? Os DNAs dos dois hotéis são muito próximos. São como irmãos, porém um é o artista que mora na praia e o outro é o executivo que trabalha de terno e gravata. Mas são as personalidades de dois filhos de uma mesma cultura.
Publicado em VEJA de 7 de fevereiro de 2018, edição nº 2568