O francês Michel Legrand era um músico compulsivo, como ele mesmo gostava de dizer. Aos 10 anos, inebriado com a obra de Franz Schubert, entrou para o Conservatório de Paris. Na adolescência, não resistiu aos encantos do dinâmico jazz. Já treinado no piano — cuja prática lhe deu conforto depois de, aos 3 anos, ter sido abandonado pelo pai, Raymond Legrand, respeitado maestro e compositor —, aventurou-se nas múltiplas possibilidades da arte musical. Cantava, tocava diversos instrumentos, conduzia e compunha com destreza, enquanto transitava por gêneros e ambientes variados: assinou a trilha sonora de mais de 250 filmes e gravou mais de 100 discos. “Meu sonho era não perder nada. Então me aventurei em tudo, mas não um pouquinho de tudo. Pelo contrário. Realizei todas essas atividades de uma só vez, com sinceridade, seriedade e profundo comprometimento”, disse.
Para além da versatilidade e urgência de criar, Legrand construiu uma marca indelével como autor romântico. É dele a trilha do clássico musical Os Guarda-Chuvas do Amor (1964), com Catherine Deneuve, incluindo as graciosas canções I Will Wait for You e Watch What Happens. A excelência do trabalho o fez cair nas graças de Hollywood e de cantores como Frank Sinatra e Barbra Streisand — ambos deram voz a muitas composições do francês, caso de The Summer Knows, da trilha de Houve uma Vez um Verão (1971), que garantiu a Legrand uma de suas três estatuetas do Oscar. As demais vieram com Crown, o Magnífico (1968) e Yentl (1983). Em movimento inverso e raro, Crown foi montado com base na trilha sonora do maestro, que a compôs após assistir a seis horas de gravações brutas. Legrand morreu no sábado 26, aos 86 anos, em Paris, de causa não revelada.
Na luta pelos direitos civis
“Quando você vir injustiça, tome partido.” Assim o reverendo americano Clark Olsen julgava que todos deveriam agir. Sua trajetória pautou-se por esse preceito. Branco, ele se vinculou à causa dos afro-americanos em 1965, atendendo ao chamado de Martin Luther King (1929-1968), que conclamou membros da Igreja para a caminhada que organizou em Selma, no Alabama, em 25 de março daquele ano. A histórica passeata foi reprimida — e Olsen testemunhou o assassinato de um amigo. Considerado uma referência na luta pelos direitos civis, ele morreu aos 85 anos, na Carolina do Norte, vítima de parada cardíaca, na segunda 21 — data da celebração do Dia de Martin Luther King.
Da TV para a política
Nascido em Caxias (RJ), Wagner Montes estreou como jornalista em 1974, na Rádio Tupi. Sete anos mais tarde, foi para o SBT. Lá trabalhou no popular O Povo na TV. Mas seu maior destaque foi no Balanço Geral, da Record. Em 2006, na esteira do sucesso, elegeu-se deputado estadual. Em 2018, havia conquistado uma cadeira na Câmara, pelo PRB. Morreu no sábado 26, aos 64 anos, em decorrência de uma infecção urinária, no Rio.
Publicado em VEJA de 6 de fevereiro de 2019, edição nº 2620